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Channel: SUD – Vozes Mórmons
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Mulheres

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MORMON-articleLargeA história mórmon é muitas vezes geralmente pela perspectiva de seus líderes. Ou seja, é um contar majoritariamente masculino.

Neste Dia Internacional da Mulher, quais mulheres você destacaria na história mórmon?


Filed under: Cultura Mórmon, Filosofando, História, Mórmon, Mormon, SUD, Vida Mórmon, Vozes Mórmons Tagged: Dia Internacional da Mulher, História da Igreja, História mórmon, Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Machismo, Mórmons, Membros, Mormonismo, Mulheres, Mulheres mórmons, SUD

Cada terra tem seu redentor

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variable_stars_largeA doutrina mórmon fala da existência de diversas terras. É Cristo o salvador de todas elas? Muitos líderes sud atuais dirão que sim. Como veremos na citação a seguir, de Brigham Young, o rico debate metafísico entre os mórmons do séc. XIX suportava a ideia de que cada terra tinha seu próprio Ungido.

Conseqüentemente, cada terra tem seu redentor; e cada terra tem seu tentador; e em cada terra seu povo, por sua vez, recebe tudo o que recebemos e passa por todas as provas pelas quais estamos passando. (Journal of Discourses 14:71-72, 10 de julho de 1870)

Como essa opinião seria interpretada hoje na moderna Igreja sud? Seria uma opinião aceitável? Ou seria considerada uma “apostasia”?


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Como celebrar a Páscoa?

Templo no Rio de Janeiro

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Cristo RedentorThomas Monson, Presidente da Igreja SUD, anunciou hoje a construção de um novo templo na Cidade Maravilhosa.

(Templo Mórmon, ressalte-se, com batismos pelos mortos e ordenanças de investiduras, e unção, e ablação, etc. Não imagino que ele estivesse comentando as obras de renovação do Maracanã!)

Quando eu era criança (e adolescente), era comum na minha ala (e estaca) ouvir estórias (e testemunhos) de que Spencer Kimball havia dito que o Rio de Janeiro era uma cidade tão iníqua que jamais teria um templo (como o recém construído Templo de São Paulo).

Aparentemente, a cidade esta bem melhor hoje que há 30 anos atrás!

Dizia-se, também, que Kimball havia profetizado que, na Segunda Vinda, a cidade seria submergida pelo oceano até a topo da cabeça da estátua do Cristo Redentor. Bom, do jeito que estamos agindo responsávelmente para com o Meio Ambiente, e levando o Aquecimento Global, bem podemos chegar nisso…

Será que o novo templo no Rio de Janeiro estará pronto para as Olimpíadas em 2016?

Será que o novo templo será oficialmente chamado Marvelous City Brazil Temple?

E, por favor, alguém do Rio de Janeiro tem alguma idéia de onde será construído???


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Aniversário: Ano 2

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No último Sábado o site Vozes Mórmons completou seu Segundo Aniversário!

Para comemorar, gostariamos de agradecer a todos que postaram textos e comentários, e que enviaram links para seus amigos dos textos e comentários.

Neste segundo ano de existência, tivemos quase 110 mil visitas, e mais importante, várias discussões interessantes e inteligentes. Este fórum é aberto para todos Mórmons, de todos tipos, e todos que se interessam por Mormonismo, de qualquer maneira, e opiniões e comentários inteligentes e pertinentes sempre ajudam a aumentar o nível da conversa.

Gostariamos de fazer algumas menções a título de retrospectiva, para comemorar esse ano que passou. Umas listas de Top 10 do segundo ano do Vozes Mórmons!

* Dez Posts Mais Visitados

1) O que faz as pessoas se afastarem da Igreja?

2) O Shopping de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

3) Quanto Ganha um Apóstolo Mórmon

4) Frases favoritas

5) Mórmons, maçons e anti-maçons

6) Mãe Celestial redescoberta? 

7) Os 50 livros mais importantes sobre mormonismo até 1980 

8) Moroni Torgan e a Igreja em Fortaleza 

9) Machismo no Mormonismo 

10) Quantos Mórmons no Brasil -2

* Dez Posts Mais Comentados

1) O que faz as pessoas se afastarem da Igreja?

2) Como voltar à igreja? 

3) O Shopping de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

4) Quantos Mórmons há no Brasil -2

5) mormonsandgays.org 

6) Abraão Faz 45 Anos

7) Mitt Romney Representa Mórmons?

8) IV Conferência Brasileira de Estudos Mórmons (ao vivo)

9) Dança dos Apóstolos

10) Racismo na BYU?

* Dez Posts (Publicados no Ano 2) Mais Visitados

1) Quanto Ganha um Apóstolo Mórmon 

2) Moroni Torgan e a Igreja em Fortaleza

3) Machismo no Mormonismo

4) Quantos Mórmons no Brasil -2

5) Maçonaria e Mórmons, Lojas e Templos, Morgan e Smith

6) Mitt Romney Representa Mórmons?

7) Como voltar à igreja?

8) “Dentro do império mórmon”

9) Candidatos SUDs nas Eleições de 2012 no Brasil

10) Quem deve ser o Brasileiro Mórmon do Ano?

Estamos particularmente felizes de ver quantas pessoas abraçaram a curiosidade de conhecer Mórmons de outras tradições e como há diálogos entre participantes do site, inclusive de igrejas Mórmons diferentes.

Aproveitando,  gostaríamos de deixar duas perguntas para vocês na seção de comentários:

1) Qual o seu post favorito do segundo ano?

2) Qual tema você gostaria de ver abordado mais no terceiro ano?

E, pela audiência, e pela participação, agradecemos profundamente.

 


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Para setenta, terra tem 6 mil anos!

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terraJoão R. Grahl é um dos novos setentas autoridades de área chamados na última Conferência Geral. Professor universitário de administração, Élder Grahl afirma que o planeta terra tem 6000 anos de idade. Não, isso não é uma piada. É sério.

Vejamos um trecho de seu livro A Origem da Vida. Após refutar a teoria do Big Bang, Grahl escreve sobre a idade da terra:

Outras declarações de estudiosos e cientistas que passam desapercebidas para leigos e são ouvidas por muitos sem questionamentos é sobre a idade da terra. Frequentemente ouvimos que a terra tem milhões ou bilhões de anos. A terra só tem seis mil anos. Todos os cálculos que têm sido apresentados estão errados. (p.08)

É muito curioso que o Élder Grahl pense dessa forma, após “meio século de experiência” no mormonismo. Curioso ele nunca ter lido nada que o fizesse questionar sua afirmação tosca sobre a idade da terra. E não estou falando de geologia ou biologia, mas de doutrina mórmon. Ele poderia estar familiarizado, por exemplo, com as afirmações de que não devemos temer a ciência.

A pergunta que surge para o Élder Grahl é: se a terra tem 6000 anos, em quanto tempo foi criada? Seis dias de… 24 horas? A gente queremos coerência, pô!

João Roberto Grahl

João Roberto Grahl

Brincadeiras à parte, eu acredito que todos já dissemos idiotices e aprendemos mais ao longo da jornada.
Torço para que ele leia este texto. Ou que um de seus amigos leia. E quem sabe – sutilmente – leia para ele esta citação de David O. McKay, falando aos alunos da BYU:

as oportunidades são dadas para orientar os alunos nesta maior qualidade de vida, esta guia, esta âncora, este cordão levando para as profundezas da floresta. Seja qual for a disciplina, os princípios do evangelho de Jesus Cristo podem ser elaborados sem medo de que alguém recusá-lo, e o professor pode ser livre para expressar a sua convicção honesta sobre isso, se esse disciplina for a geologia, a história do mundo, os milhões de anos que foram necessários para preparar o mundo físico, seja na engenharia, literatura, arte (…) (Presidente David O. McKay,  30 de outubro de 1956, citado por Steven Jones em “How Old Is the Earth?“)

Por fim, é mais do que nunca atual a observação de Brigham Young:

Não me surpreende a infidelidade que permeia a maioria dos habitantes da Terra, pois os professores religiosos dos povos pregam ideias e noções da verdade que estão em oposição e contradição aos fatos demonstrados pela Ciência. (Journal of Discourses 14:117)


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Sacerdotisas

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(…) o homem que honra seu sacerdócio [his priesthood], a mulher que honra seu sacerdócio [her priesthood], receberão uma herança eterna no reino de Deus. (Brigham Young, Journal of Discourses 17:119)

Santos dos últimos dias estão acostumados a pensar o sacerdócio como sendo algo exclusivo para os homens. Muitas vezes até ouvimos a palavra “sacerdócio” para designar coletivamente os homens membros da Igreja sud. A citação acima de Brigham Young, porém, nos faz questionar nossa compreensão do que é o sacerdócio e de como ele pertence a homens e mulheres. E olha que Brigham não era exatamente um feminista.

O uso do sacerdócio por parte das mulheres é um dos temas mais fascinantes – e, mais do que nunca, atuais! – da história mórmon. As percepções que herdamos – ou “tradições dos homens”, literalmente – , porém, bloqueiam nosso entendimento; ou ainda, nos fazem ver o passado mórmon a partir das doutrinas e práticas da Igreja sud no presente.

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A promessa de Joseph Smith

Os ensinamentos do Profeta para a Sociedade de Socorro de Nauvoo eram de que homens e mulheres deveriam compartilhar do sacerdócio.Joseph Smith organizou a Sociedade Feminina de Socorro de forma bastante independente da hierarquia da Igreja – elas tinham suas finanças, sua própria liderança. Definitivamente, a Sociedade de Socorro não foi pensada para ser uma “organização auxiliar do sacerdócio”, mas uma organização do sacerdócio, composto por mulheres que portassem o sacerdócio. Joseph Smith utilizou uma inspiração maçônica para organizar tal sociedade e prometeu que lhes seriam dadas chaves do sacerdócio. Joseph Smith também aconselhou as mulheres a abençoarem os doentes e aflitos, com imposição de mãos.

Em abril de 1842, quando a Sociedade de Socorro foi organizada, Joseph Smith registrou o seguinte:

Às duas horas, reuni-me com os membros da ‘Sociedade Feminina de Socorro’ e após presidir na admissão de muitos novos membros, dei uma palestra sobre o Sacerdócio, mostrando como as irmãs viriam a possuir os privilégios, bênçãos e dons do Sacerdócio. (History of the Church 4:602)

Na terceira reunião da nova organização, ele ainda afirmou que “faria desta Sociedade um reino de sacerdotes como nos dias de Enoque”. ¹

Bênçãos com imposição de mãos

Com a aprovação de Joseph Smith, Emma – a presidente da Sociedade – e suas conselheiras, Sarah Cleveland e Elizabeth Whitney, administraram bênçãos com imposição de mãos. Na quinta reunião da Sociedade, certa irmã Durfee foi uma das pessoas que prestaram seu testemunho. Ela “prestou testemunho da grande bênção que ela recebeu na última reunião quando da administração por Emma Smith e Conselheiras Cleveland e Whitney”, acrescentando que “achava que as irmãs tinham mais fé do que os irmãos”. A prática de mulheres imporem as mãos sobre doentes persistiu durante todo o século XIX e início do XX.

Nosso preciosos preconceitos

Hoje, esses fatos do passado mórmon podem parecer estranhos ou até errados para muitas pessoas. Se pretendermos um estudo sério do assunto, teremos necessariamente que tentar abdicar de nosso preciosos preconceitos e tradições. E, obviamente, ir às fontes históricas.²

Resquícios

Independentemente da visão que hoje prevaleça na Igreja sud ou do número de homens que se sintam ameaçados e gritem “apostasia!”, de algumas mulheres sud que também se chocam com a ideia de serem portadoras do sacerdócio, os fatos históricos estão à disposição para nosso estudo.

No séc. XXI, sobreviveu um resquício dessa autoridade sacerdotal feminina no mais sagrado dos locais de adoração sud, o templo. Pensando nas ordenanças lá realizadas, gostaria de propôr as seguintes perguntas para a reflexão pessoal e o debate aqui neste blog:

- Por qual autoridade as mulheres ministram as ordenanças no templo?

- Se elas não possuem autoridade do sacerdócio, por que as ordenanças do templo não são administradas exclusivamente por homens?

- Aliás, se as mulheres não recebem o sacerdócio, por que recebem a investidura e usam as vestimentas do sacerdócio?

Fique à vontade para deixar seu comentário ou pergunta.

Notas

1. http://josephsmithpapers.org/paperSummary/nauvoo-relief-society-minute-book

2. Estarei explorando este e outros temas num curso presencial em Porto Alegre, intitulado Introdução à Doutrina de Nauvoo.


Filed under: Acadêmicos, Cultura Mórmon, Estudos Mórmons, História, Joseph Smith, Mórmon, Mormon, Mulher, SUD, Templo, Vida Mórmon, Vozes Mórmons Tagged: Bênção de saúde, Brigham Young, Elizabeth Whitney, Emma Smith, Enoque, estudos mórmons, Garments, Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Imposição de mãos, Investidura, Joseph Smith, Maçonaria, Mórmons, Mormonismo, Mulheres, Mulheres mórmons, Nauvoo, preconceito, Reis e sacerdotes, Sacerdócio, Sacerdócio para Mulheres, Sarah Cleveland, Sociedade de Socorro, Sociedade Feminina de Socorro, SUD

RESSUSCITA-ME

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Novamente, hoje a maioria dos brasileiros estão em casa descansando, viajando, jongando futebol, etc…. Estão, de alguma forma, usufruindo de mais um feriado no País “campeão universal dos feriados” (rsrs), gerando um prejuízo em 2013 estimado em R$ 42,2 bilhões ao setor industrial!

Neste dia, no feriado de Corpus Christi, o mundo católico comemora o corpo e sangue de Cristo por nós ofertado. E dois meses atrás, houve a comemoração da Páscoa.

Falando da Páscoa então, ainda posso recordar de nossa comemoração no Domingo de Páscoa, e a consequente degustação de chocolates, em suas mais variadas formas… (rsrs)

Ovo de Páscoa de Chocolate

Ovo de Páscoa de Chocolate

chocolate, por si só, já traz sensações muitíssimo agradáveis e, quando consumido moderamente, outros benefícios igualmente, tais como “[fazer] bem à saúde do coração, do sangue e até da cabeça, (…) prevenir o envelhecimento, reduzir o colesterol ruim e a melhorar o bom humor (…), [e também] estimular o cérebro a produzir a serotonina, (…)  molécula responsável pela sensação de bem-estar e felicidade”; no entanto, percebemos que, unidos em família, um sentimento de Real Felicidade, muito maior e um tanto mais complexo de descrever (Gálatas 5:22-23), começou a inundar nossos sentidos, a partir do momento que iniciamos uma saudável discussão sobre a essência da profunda mensagem trazida pela verdadeira Páscoa, a Ceia do Senhor e a Mensagem revigorante da Expiação e da subsequente Ressurreição de Cristo e de toda a humanidade.

Assim, a “comemoração” do corpo e sangue de Cristo, lembrando seu sacrifício, e da Ressurreição Dele na Páscoa, estão intrinsecamente ligados.

DISTORÇÃO DA MENSAGEM

Infelizmente, qualquer indivíduo em sã consciência, já deve ter notado a triste realidade de muitos adultos já terem se esquecido do importante propósito desta comemoração, e diversas crianças nem ao menos aprenderam. Todos estes, conscientes ou não, anestesiados pela força da mídia, que mascara através do consumismo desenfreado, materialismo e gula, a sensível e necessária mensagem principal do Cristianismo. Na troca de presentes, é comum, distanciarmo-nos do verdadeiro sentimento que deveria reinar nestes sagrados momentos na Páscoa, por vezes, desperdiçados.

Daí, a reconhecida distorção doutrinária de que uma festa seria mais importante que a retidão para renovar-se no sacramento (I Coríntios 11:27), e de que se esbaldar em chocolates, é mais importante que Conhecer a Cristo e a virtude da sua ressurreição! (Filipenses 3:10)

INTRODUÇÃO

Pretendo neste breve e modesto ensaio, dissertar sobre a Páscoa e sobre o Sacramento, mais precisamente a mensagem da Ressurreição, e a consequente esperança renovada que ganhamos quando compreendemos e vivemos estas verdades. “Nosso testemunho dessa verdade gloriosa pode afastar a dor da perda de um familiar ou amigo querido e substituí-la por uma alegre expectativa e uma firme determinação. (…) [por conta de nosso futuro] reencontro com nosso entes queridos santificados e ressuscitados.” (Henry B. Eyring - A Liahona ABR/2013)

Baseado nesta verdade consoladora, o líder SUD Joseph Smith comenta: “Que grande consolo para os que choram ao ter que separar-se de um marido, esposa, pai, mãe, filho ou parente querido é saber que, embora o tabernáculo terreno seja sepultado e dissolvido, eles ressuscitarão para habitar no brilho eterno da glória imortal, e que nunca mais haverão de entristecer-se, sofrer ou morrer, mas serão herdeiros de Deus e coerdeiros de Jesus Cristo.” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, pag. 56)

A medida que continuamente avançamos no entendimento da verdadeira Páscoa, proporcionalmente fardos difíceis de carregar conquistam o tão esperado alívio, na esperança da total aniquilação de dores intermináveis, de doenças que frequentemente nos assolam e de diversas outras fragilidades e limitações do nosso corpo físico mortal; ademais, um consolo ímpar nos invade o peito, amenizando o vazio que saudosos entes queridos deixaram.

Roubados pela Morte, eu e muitos outros que por hora também já não convivem com muitos de seus amados familiares e amigos, nos consolamos na mensagem esperançosa de um futuro reencontro com estes. Tal mensagem nos chega como um bálsamo para a Alma, que cura a dor incessante da aparentemente infindável dor e saudade. Meu Pai (de criação)  falesceu enquanto eu proclamava o evangelho do Cristo Ressurreto no norte do País, pouco tempo depois que retornei desta honrosa missão, discurssei no funeral de meu primo (amigo de infância), que possivelmente depressivo, tirou a própria vida. No ano seguinte,  sepultei meu pai (de sangue) no meu aniversário, sem imaginar que meses mais tarde, no mesmo ano, na véspera do meu primeiro aniversário de casamento, seria igualmente pego de surpresa ao sepultar minha filha com poucos dias de vida. Como se não bastasse, no início do mês passado, minha grande amiga da adolescência foi vítima de assassino[s] brutais, tendo precocemente sua vida mortal interrompida, deixando pra trás um desolado marido e duas pequeníssimas crianças. O conhecimento consolador da Ressurreição torna-se particularmente necessária e ansiada, e ganha centuplicada intensidade, se permitirmos, diante das mais diversas e complexas situações, e igualmente nos prepara, pois, mais cêdo ou mais tarde, confrontaremos a dor, a doença ou morte, em nós ou nos que nos cercam, como parte da provação mortal.

O líder SUD John Taylor então nos lembra : “Que consolo para os que sofrem a perda dos amigos [e familiares] queridos que morreram é saber que voltaremos a ter sua companhia! Para todos os que vivem de acordo com os princípios revelados da verdade, talvez ainda mais para os que já estão no fim da vida, que já sofreram muito e perseveraram, como é bom saber que logo romperemos a barreira do túmulo e surgiremos vivos e imortais para gozar da companhia dos amigos [e familiares] fiéis em quem confiamos, sem ser perturbados pela morte  (…).” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: John Taylor, pag. 50-51)

Sim, “Nada há mais agradável do que estar nessa condição e ter nossa esposa e nossos filhos e amigos conosco.” (Lorenzo Snow,  Conf. Geral OUT/1900)

ENTENDENDO AS COMEMORAÇÕES (PÁSCOA E CORPUS CHRISTI)

O Cordeiro de Deus

O Cordeiro de Deus

Para entendermos melhor a importância da Ceia do Senhor e da Páscoa, comecemos explorando sua origem e breve significado.

feriado católico  comemorado hoje “[celebra] o Sacramento do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, um dos sacramentos da Eucaristia. A comemoração ocorre após a Festa da Santíssima Trindade, sempre em uma quinta-feira, em alusão à Quinta-feira Santa, quando se deu a instituição deste sacramento. A data também pode ser calculada pelo domingo de Páscoa, já que é realizada 60 dias depois. A celebração do Corpus Christi teve origem no século 13, mais precisamente em 1243, em Liège, na Bélgica, quando a freira Juliana de Cornion teria tido visões de Jesus Cristo que apontava não haver festas para honrar esse sacramento. A Bíblia diz que durante a última ceia de Jesus com seus apóstolos, ele teria mandado que celebrassem sua lembrança comendo o pão e bebendo o vinho, que se transformariam em seu corpo e em seu sangue. “Através da Santíssima Eucaristia, Jesus nos mostra que está presente ao nosso lado, e se faz alimento para nos dar força para continuar. Jesus nos comunica seu amor e se entrega por nós”, lembra Dom Orani João Tempesta, arcebispo metropolitano do Rio de Janeiro, em comunicado oficial da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil aos fiéis. E foi a partir da visão e da cobrança de Jesus, que a freira belga lutou para que houvesse um reconhecimento da data, que mais tarde ficou conhecida como Corpus Christi, quando, em 1264, o papa Urbano 4º consagrou a festa para toda a Igreja a partir da Bula Papal “Trasnsiturus de hoc mundo”.

Com o devido respeito à interpretação católica quanto ao convite de Cristo de “celebrarmos” o corpo e o sangue Dele, a doutrina mórmom entendem que esta “comemoração” não se dá numa festa, mas sim na grata comunhão no seu dia santificado participando dos emblemas do sacramento. (Atos 20:7) No entanto, partilhamos do mesmo entendimento de que participar da Ceia do Senhor, e também nos lembrar da Ressurreição de Cristo, “nos dá força para continuar” e seguir adiante, rumo ao progresso contínuo, e igualmente a cura de muitas feridas emocionais e espirituais!

Ademais, pensamos também diferente quanto a dita doutrina católica da transubstanciação, que interpreta literalmente João 6:53-57, e declara, segundo o Concílio de Trento,  que: “Por ter Cristo, nosso Redentor, dito que aquilo que oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente seu Corpo, sempre se teve na Igreja esta convicção, que o santo Concílio declara novamente: pela consagração do pão e do vinho opera-se a mudança de toda a substância do pão na substância do Corpo de Cristo Nosso Senhor e de toda a substância do vinho na substância do seu Sangue; esta mudança, a Igreja Católica denominou-a com acerto e exatidão Transubstanciação.” Nós, entendemos, como a maioria dos demais grupos religiosos, que a Ceia do Senhor é um memorial ao corpo e sangue de Cristo (Lucas 22:19; I Coríntios 11:24-25), não o verdadeiro ato de consumir Seu corpo físico e sangue.

Quanto a Páscoa, lemos a pedagoga Jussara de Barros, da Equipe Brasil Escola, explicar que “é uma festividade de data móvel, pois foi criada seguindo o calendário judeu, que por sua vez era baseado nas fases da Lua.  (…) Sempre acontece entre os dias 22/MAR e 25/ABR.”

“A festa da páscoa judaica foi instituída para ajudar os filhos de Israel a se lembrarem da época em que o anjo destruidor passou por suas casas sem levar seus filhos e libertou-os dos egípcios (Êx. 12:21–28; 13:14–15). Os cordeiros sem mancha, cujo sangue foi usado como sinal para salvar a Israel antiga, eram um símbolo de Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, cujo sacrifício redimiu toda a humanidade. (…) [Tornou-se] nossa páscoa, que é Cristo, que já foi sacrificado por nós (I Cor. 5:7).” (GEE Páscoa) “A Páscoa é um feriado cristão que comemora a Ressurreição de Jesus Cristo. Depois que Cristo morreu na cruz, Seu corpo foi colocado em um sepulcro, onde permaneceu separado [por três dias] de Seu espírito até Sua Ressurreição, quando Seu espírito e Seu corpo foram reunidos. Os santos dos últimos dias afirmam e testificam que Jesus Cristo ressuscitou e vive hoje com um corpo glorificado e aperfeiçoado de carne e ossos.” (Encyclopedia of Mormonism [1992], 2:433)

A importância da Expiação de Jesus Cristo foi resumida por Joseph Smith: “Os princípios fundamentais de nossa religião são o testemunho dos Apóstolos e Profetas a respeito de Jesus Cristo, que Ele morreu, foi sepultado, ressuscitou no terceiro dia e ascendeu ao céu; todas as outras coisas de nossa religião são meros apêndices disso.” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, pag. 52-53)

Diante disto, é certo que devemos criar tradições de Páscoa centradas em Cristo (A Liahona MAR/2013) a cada ano, daí, “algumas famílias SUD incluem ovos e coelhos de Páscoa em sua festa para a alegria das crianças. Essas tradições não são desencorajadas oficialmente”, no entanto, “a Expiação de Jesus Cristo, que inclui a Ressurreição, é a própria essência da Páscoa. A criação de tradições centradas em Cristo nos ajudará a concentrar-nos nessas dádivas de nosso Salvador.”

Igualmente devemos nos preparar a cada semana para o Dia Santo, no Sacramento ou Ceia do Senhor, através de uma vida cada vez mais reta, otimizada pela renovação dos votos que conhecemos como convênios, pois “ao partilharmos do sacramento e guardarmos nossos convênios, podemos ser perdoados de nossos pecados (Mateus 26:24). Devemos (…) partilhar do sacramento com o coração puro.”

ALGUMAS EVIDÊNCIAS DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO

Falamos bastante da semana da Páscoa, tanto da quinta-feira na Ceia do Senhor, quanto do domingo seguinte na Ressurreição de Cristo, que foi o ápice da verdadeira páscoa que tornou o dia santificado (O Sabbath Cristão) e coroou a Expiação. Nos atentaremos agora especialmente na Ressurreição…

O apóstolo Paulo ousadamente afirma: “E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. (…) Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos (…)”! (I Coríntios 15:13-14,20)

O Doutor James E. Talmage, professor, geólogo, engenheiro, cientista e Líder SUD, referiu-se à ressurreição de Cristo como “o maior milagre e o mais glorioso fato da história”. (Jesus, o Cristo – pag. 676)

Embora eu entenda que o conhecimento da Ressurreição seja mais uma questão espiritual (uma experiência mística pessoal), algumas evidências e inteligentes comentários podem e são discorridos, e ajudam muito na elucidação do tema, pois o “argumento racional não cria crença, mas ele mantém um ambiente em que a fé possa florescer.” (Austin Farrer em C. S. Lewis)

Gerd Lüdemann (estudioso Alemão nomeado 1983 para a presidência em Estudos do Novo Testamento na Faculdade de Teologia da Universidade de Göttingen)

Gerd Lüdemann (estudioso Alemão nomeado 1983 para a presidência em estudos do Novo Testamento na Faculdade de Teologia da Universidade de Göttingen) [What Really Happened to Jesus?, trans. John Bowden (Louisville, Kent.: Westminster John Knox Press, 1995), p. 8.]

Alguns críticos apontam o contrário, e tentam deturpar a veracidade da ressurreição, porém nós todos sabemos que “quando um velho e renomado cientista afirma que alguma coisa é possível, ele está quase sempre correto. Quando afirma que algo é impossível, ele está quase sempre errado.” (Arthur C. Clarke [Escritor e Inventor Britânico] - Revista Súper Interessante OUT/1996) Muitos dos críticos apenas procuram algo pra contrariar, mas ”quem alega e não prova não alegou, alegação sem prova transforma-se em uma denúncia vazia.” (Paulo Henrique Teixeira – Publicado no DOU-20/07/2004), embora esta mesma afirmativa possa ser usada contra nós que defendemos a ressurreição, noutro extremo, também pode ser argumentado que “ausência de prova não é prova de ausência.” (Hugh Nibley)

Vejamos então alguns dizeres interessantes de advogados, médicos, eruditos, estudiosos e historiadores, que reforçam a possibilidade e a consequente realidade da marcante e milagrosa Ressurreição de Cristo.

Wilbur Smith, notável erudito e mestre, observa: “O significado da ressurreição é um assunto teológico, mas o fato da ressurreição é um assunto histórico; a natureza da ressurreição do corpo de Cristo pode ser um mistério, mas o fato de que o corpo desapareceu do túmulo é um assunto para ser decidido sobre uma evidência histórica. O lugar possui uma definição geográfica, o homem a quem pertencia o túmulo era um homem que vivia na primeira metade do século primeiro; o túmulo era feito de pedra e ficava ao lado de uma colina próximo a Jerusalém. Não era nenhum invento diferente envolto numa atmosfera mitológica decorado com tecidos finos, mas era algo que tinha significância geográfica. Os guardas colocados diante do túmulo não eram seres fictícios do Monte Olimpo; o Sinédrio era um corpo de homens que se encontravam freqüentemente em Jerusalém. Como uma vasta literatura nos fala, esta pessoa, Jesus, era uma pessoa vivente, um homem entre outros homens, e os discípulos que saíram para pregar o Senhor ressuscitado eram homens entre homens, homens que se alimentaram, beberam, dormiram, sofreram, trabalharam e morreram. Que tem isto de doutrina? Este é um problema histórico.” (Smith, Wilbur M. Therefore Stand: Christian Apologetics. Grand Rapids: Baker Book House, 1965 – pag. 386)

Ele também diz: “A ressurreição de Cristo é exatamente a fortaleza da fé Cristã. Esta é a doutrina que virou o mundo de cabeça para baixo no primeiro século, que ascendeu o Cristianismo sobre o Judaísmo e sobre as religiões pagãs do mundo mediterrâneo. Se isto se perder, então tudo o mais que é vital e singular no Evangelho do Senhor Jesus Cristo se perderá: ‘E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé’ (I Cor. 15:17).”

O teólogo R. C. Sproul colocou isso nos seguintes termos: “A veracidade da ressurreição é vital para o Cristianismo.  Se Cristo foi erguido dos mortos por Deus, então Ele detém as credenciais e a certificação que nenhum outro líder religioso possui. Buda está morto. Maomé está morto. Moisés está morto. Confúcio está morto. Mas, de acordo com… o Cristianismo, Cristo vive.” (R. C. Sproul, Reason to Believe [Grand Rapids, MI: Lamplighter, 1982], 44)

O professor Thomas Amold, apontado como candidato para o lugar de presidente da cadeira de História Moderna de Oxford e que estava bem a par do valor da evidência para determinar fatos históricos, disse: “Eu estou acostumado a estudar as histórias de outros tempos durante muitos anos, e a examinar e avaliar a evidência dos que têm escrito acerca delas, e não conheço nenhum fato da História humana que seja comprovado por melhor e mais completa evidência do que o grande sinal que Deus nos deu de que Cristo morreu e ressuscitou dos mortos.”

O escritor romano não-cristão Flegon (nasc. 80 d.C.) escreveu em suas Crônicas: “Jesus, enquanto vivo, não foi de qualquer ajuda para si mesmo, mas, quando ressuscitou depois da morte, exibiu as marcas de sua punição, e mostrou de que maneira suas mãos foram perfuradas pelos pregos.” (Quoted in J. P. Moreland interview, Lee Strobel, The Case for Christ [Grand Rapids, MI: Zondervan, 1998], 246)

Brooke Foss Westcott, pensador inglês, falou: “Juntando toda a evidência, não é demais dizer que não há fato histórico melhor e mais extensamente apoiado do que a Ressurreição de Cristo. Nada, a não ser uma pressuposição de que a Ressurreição tem de ser falsa, podia ter sugerido a idéia de deficiência na sua comprovação.”

Josh McDowell, apologista e escritor, fez a seguinte declaração a respeito da importância da ressurreição: “Cheguei à conclusão de que, de duas uma, ou a ressurreição de Jesus é um dos embustes mais mal-intencionado, cruel e desumano jamais impostos às mentes humanas OU é o fato mais fantástico da história.” (Josh McDowell, The New Evidence That Demands a Verdict [San Bernardino, CA: Here’s Life, 1999], 203)

O historiador judeu Flávio Josefo escreveu sobre Jesus e Sua Ressurreição (“Antiguidades Judaicas” – 18,3,3 parágrafos 63 e 64, Aprox. ano 95 dC), existem, porém, duas versões sobre o mesmo trecho, conhecida também como Testimonium Flavianum, uma mais antiga, em língua grega, que testemunha a messianidade de Jesus, e uma tradução árabe que omite tal afirmativa, no entanto, ambas as versões nos são válidas como embasamento.
Texto Grego: “Naquela época vivia Jesus, homem sábio, se é que o podemos chamar de homem. Ele realizava obras extraordinárias, ensinava aqueles que recebiam a verdade com alegria e fez-se seguir por muitos judeus e gregos. Ele era o Cristo. E quando Pilatos o condenou à cruz, por denúncia dos maiorais da nossa nação, aqueles que o amaram antes continuaram a manter a afeição por ele. Assim, ao terceiro dia, ele apareceu novamente vivo para eles, conforme fora anunciado pelos divinos profetas e, a seu respeito, muitas coisas maravilhosas aconteceram. Até a presente data subsiste o grupo dos cristãos, assim denominado por causa dele.”
Texto Árabe: “Naquela época vivia Jesus, homem sábio, de excelente conduta e virtude reconhecida. Muitos judeus e homens de outras nações converteram-se em seus discípulos. Pilatos ordenou que fosse crucificado e morto, mas aqueles que foram seus discípulos não voltaram atrás e afirmaram que ele lhes havia aparecido três dias após sua crucificação: estava vivo. Talvez ele fosse o Messias sobre o qual os profetas anunciaram coisas maravilhosas.”

O Dr. Paul L. Maier, professor de História Antiga na Universidade de Western Michigan, conclui: “Se toda a evidência é verificada cuidadosamente e com justiça, é realmente justificável, de acordo com os padrões da pesquisa histórica, conclui que o túmulo no qual Jesus foi sepultado estava realmente vazio na manhã da primeira Páscoa. E nenhum sinal de evidência apareceu ainda, nas fontes literárias, epigrafia ou arqueologia, que pudesse negar esta afirmação.”

O erudito bíblico britânico Michael Green comentou: “As aparições de Jesus são tão autenticadas como qualquer evento da antiguidade. … Não há nenhuma dúvida razoável de que elas ocorreram.” (Michael Green, The Empty Cross of Jesus [Downers Grove, IL: InterVarsity, 1984], 97, quoted in John Ankerberg and John Weldon, Knowing the Truth about the Resurrection [Eugene, OR: Harvest House] 22)

A respeito da abnegada dedicação dos Apóstolos, Setentas e dos demais comprometidos Missionários e Conversos da Igreja Primitiva, seguem também alguns comentários que são de muita valia:

N. T. Wright, um eminente estudioso britânico, cita a real motivação destes homens e mulheres fiéis: “Esta é a razão porque, como um historiador, eu não consigo explicar o surgimento do cristianismo primitivo a não ser por Jesus ressuscitando, deixando uma tumba vazia para trás.” (N. T. Wright, “The New Unimproved Jesus”, Christianity Today [September 13, 1993], pag. 26.)

Pinchas Lapide, que foi um teólogo, escritor judeu e historiador, disse: “Eu entendo [com base em minhas pesquisas] que a Ressurreição não foi uma invenção da comunidade de discípulos, mas um evento real. (…) Quando que um bando de temerosos Apóstolos poderia repentinamente se transformar numa só noite numa confidente sociedade missionária? (…) Nenhuma visão ou alucinação poderia explicar uma transformação tão revolucionária.” 

O jornalista inglês Dr. Frank Morison pensou inicialmente que a ressurreição era um mito ou um embuste, e iniciou a sua pesquisa para escrever um livro que a refutasse, porém, teve que reconhecer: “Quem quer que pense neste assunto acabará por confrontar-se com um fato que não pode ter explicação fácil. … Esse fato é que… uma profunda convicção atingiu esse pequeno grupo de pessoas—uma alteração que atesta o fato de Jesus ter-Se levantado do túmulo.” (Frank Morison, Who Moved the Stone? (Grand Rapids, MI: Lamplighter, 1958), 104)

J. N. D. Anderson, acadêmico especializado na língua e cultura árabe, escreveu: “Pense no absurdo psicológico de imaginar um pequeno bando de covardes derrotados, num sótão, em um dia e, poucos dias depois, transformados numa companhia que nenhuma perseguição podia silenciar—e depois tente atribuir essa mudança dramática a uma mera farsa elaborada nada convincente.  … Isso não faz nenhum sentido.” (J. N. D. Anderson, “The Resurrection of Jesus Christ,” Christianity Today, 12. April, 1968)

Simon Greenleaf, um professor de Direito na Universidade de Harvard, escreveu: “As grandes verdades que os apóstolos declararam eram que Cristo tinha ressuscitado dos mortos, e que só através do arrependimento do pecado, e fé em Jesus, os homens poderiam obter a salvação. Esta é a doutrina que eles afirmavam com uma só voz, em todos os lugares, não apenas sob condições de desalento, mas ante os mais assustadores erros que se podem apresentar à mente do homem. O Mestre desses homens acabava de morrer como um malfeitor, pela sentença de um tribunal público. Sua religião procurava derrotar as religiões do mundo inteiro. As leis de cada país estavam contra os ensinamentos de Seus discípulos. Os interesses e as paixões de todos os governantes e grandes homens no mundo estavam contra eles. O costume do mundo estava contra eles. Propagando esta nova fé, mesmo que da maneira mais inofensiva e pacífica, eles não podiam esperar coisa alguma a não ser desprezo, oposição, insultos, perseguições amargas, açoites, aprisionamentos, tormentas e mortes cruéis. Ainda assim, eles propagaram zelosamente a fé que tinham, suportaram firmes todas estas misérias e, não somente isto, eles o fizeram com júbilo. Foram expostos a mortes miseráveis um após o outro, contudo os sobreviventes prosseguiram a obra com maior vigor e determinação. Poucas vezes os anais de combates militares fornecem tal exemplo de persistência heróica, paciência e indescritível coragem [e comprometimento (grifo meu)]. Eles tinham todas as razões possíveis para reverem cuidadosamente os fundamentos da fé que professavam e as evidências dos grandes fatos e verdades que afirmavam; e estas razões os oprimiam com tristeza e freqüência terrível. Por isso era impossível que eles persistissem em afirmar as verdades que narravam, se Jesus não tivesse realmente ressuscitado dos mortos. Sem sombra de dúvida eles sabiam o que tinha acontecido.” (Greenleaf, Simon. Testimony of the Evangelists, Examined by the Rules of Evidence Administered in Courts of Justice. Grand Rapids: Baker Book House, 1965 (reprinted from 1847 edition)

Ele também diz: “Se existe um número suficiente de pessoas vivas quando as informações sobre um evento são publicadas e tais pessoas ou são testemunhas de um evento ou participaram dele, certamente pode-se estabelecer com bastante precisão a validade deste evento secular.”

O Corpo de Jesus

Jesus teria fugido vivo? Seu corpo teria sido roubado? Para ambas perguntas, a resposta é um sonoro NÃO!

Divulgada por Venturini há vários séculos e bastante mencionada nos dias de hoje, existe uma teoria que diz que Jesus, na realidade, não teria morrido, ele teria simplesmente desmaiado devido ao cansaço e à perda de sangue. Todos teriam julgado equivocadamente que Ele estava morto e, quando reanimado, os discípulos pensaram que tinha ressuscitado. O cético David Friedrich Strauss, teólogo alemão e escritor, não crendo ele próprio na ressurreição, eliminou qualquer pensamento de que Jesus se tenha reanimado de uma morte aparente: “É impossível que um ser humano, roubado meio morto de um sepulcro, que se arrastava fraco e doente, necessitado de tratamento médico, de ligaduras, apoio, ajuda, e que por fim cedeu aos seus sofrimentos, pudesse ter dado aos seus discípulos a impressão de que era um Conquistador sobre a morte, o Príncipe da vida; impressão que permanece na base do seu futuro ministério. Tal reanimação, só poderia ter enfraquecido a impressão que Ele lhes tinha provocado tanto em vida, como na morte. No máximo, só lhes poderia ter dado uma voz saudosa, mas não poderia ter transformado a sua tristeza em entusiasmo, nem a sua reverência em adoração”.

Com certeza Jesus morreu crucificado, como também alega o médico William D. Edwards: “É inegável que o peso das provas históricas e médicas indicam que Jesus morreu. … A lança, atravessada entre as Suas costelas do lado direito, perfuraram provavelmente não apenas o pulmão direito, como também o pericárdio e o coração, assegurando a Sua morte.” (William D. Edwards, M.D., et al., “On the Physical Death of Jesus Christ,” Journal of the American Medical Association 255:11, March 21, 1986.)

Sobre a possibilidade de roubo do corpo de Jesus por parte dos Apóstolos, J. N. D. Anderson, já citado e que também tem sido o Deão da Faculdade de Direito da Universidade de Londres, Presidente do Departamento de Direito Oriental na Escola de Estudos Orientais e Africanos e Diretor do Instituto dos Estudos Legais Avançados, na Universidade de Londres, comentando sobre o propósito dos discípulos terem roubado o corpo de Cristo, afirma: “Isto iria totalmente contra tudo aquilo que sabemos sobre eles; os seus ensinamentos éticos, a qualidade das suas vidas, sua atitude perante o sofrimento e a perseguição. Nem isto explicaria a dramática transformação de desprezados e desanimados fugitivos em testemunhas a quem nenhuma oposição podia calar.”

O Dr. John Warwick Montgomery, um advogado, professor e teólogo luterano, explica: “No ano 56 d.C. [o apóstolo Paulo escreveu que mais de 500 pessoas viram Jesus ressuscitado, e que a maioria deles ainda vivia naquele tempo (1 Coríntios 15:6 em diante). Ultrapassa os limites do bom senso que os primitivos Cristãos pudessem ter fabricado tamanha história e depois a pregado entre aqueles que facilmente a refutariam, simplesmente encenando o corpo de Jesus.” (John W. Montgomery, History and Christianity ] Downers Grove, ILL: InterVarsity Press, 1971\78)

Tom Anderson, ex-presidente da Associação de Advogados da Califórnia, resume a força desse argumento: “Com um evento tão difundido, não seria razoável que um historiador, uma testemunha ou um antagonista tivessem registrado para todos os tempos que tinham visto o corpo de Cristo? … O silêncio da história é ensurdecedor quando alguém tenta testemunhar contra a ressurreição.” (Quoted in Josh McDowell, The Resurrection Factor [San Bernardino, CA: Here’s Life, 1981], 66)

Josh McDowell, um apologista americano e escritor cristão evangélico, argumenta: “O silêncio dos Judeus fala mais alto do que a voz dos Cristãos.”

Cristo e Maria Madalena

Cristo e Maria Madalena

O fato de Cristo ter aparecido primeiro ás mulheres, tem muitos significados interessantes, e um deles bem explica o Dr. William Lane Craig, teólogo e filósofo americano: “Quando se entende o papel da mulher na sociedade judaica do primeiro século, o que é realmente extraordinário é que a história do túmulo vazio retratou mulheres como as primeiras descobridoras do túmulo vazio. As mulheres estavam muito abaixo na escada social da Palestina do primeiro século. Há provérbios rabínicos antigos que dizem: ‘Que as palavras da Lei sejam queimadas antes de serem entregues às mulheres’ e ‘feliz é aquele cujos filhos são homens, mas desgraça daquele cujos filhos são mulheres’. O testemunho de mulheres era considerado tão sem valor que não podiam nem servir como testemunhas legais em uma corte judicial judaica. Levando isso em consideração, é absolutamente impressionante que as principais testemunhas do túmulo vazio fossem essas mulheres…. Qualquer registro legendário mais recente com certeza teria retratado discípulos masculinos como os descobridores do túmulo – Pedro ou João, por exemplo. O fato de que mulheres foram as primeiras testemunhas do túmulo vazio é mais bem explicado pela realidade de que – goste ou não – elas foram as descobridoras do túmulo vazio! Isso mostra que os autores dos Evangelhos gravaram fielmente o que aconteceu, apesar de ser embaraçoso. Isso evidencia a historicidade dessa tradição ao invés de sua posição social legendária.” (Dr. William Lane Craig, citado por Lee Strobel, The Case For Christ, Grand Rapids: Zondervan, 1998, p. 293)

Muito mais evidências são largamente encontradas em simples pesquisas, por isto, acredito, que as citadas acima já nos são válidas, por hora, para o objetivo deste artigo.

APRENDENDO COM TOMÉ

Gordon B. Hinckley disse: “Já ouvistes outros falarem como Tomé? ‘Dá-nos’, dizem eles, ‘uma evidência prática. Provai diante dos nossos olhos, nossos ouvidos e nossas mãos, do contrário não creremos’. Esta é a linguagem da época em que vivemos. Tomé, o duvidoso, tornou-se o exemplo de homens em todas as eras que se recusam a aceitar qualquer coisa que não possam provar e explicar fisicamente — como se pudessem provar amor, fé ou qualquer outro fenômeno físico, como a eletricidade. (…) A todos que me ouvem, e que ainda têm dúvidas, eu repito as palavras ditas a Tomé, ao sentir as mãos feridas do Salvador: ‘Não sejas incrédulo, mas crente’”. (A Liahona, outubro de 1978, p. 101.)

Gordon B. Hinckley disse: “Já ouvistes outros falarem como Tomé? ‘Dá-nos’, dizem eles, ‘uma evidência prática. Provai diante dos nossos olhos, nossos ouvidos e nossas mãos, do contrário não creremos’. Esta é a linguagem da época em que vivemos. Tomé, o duvidoso, tornou-se o exemplo de homens em todas as eras que se recusam a aceitar qualquer coisa que não possam provar e explicar fisicamente — como se pudessem provar amor, fé ou qualquer outro fenômeno físico, como a eletricidade. (…) A todos que me ouvem, e que ainda têm dúvidas, eu repito as palavras ditas a Tomé, ao sentir as mãos feridas do Salvador: ‘Não sejas incrédulo, mas crente’”. (A Liahona, outubro de 1978, p. 101.)

Agora comentemos sobre nossa similaridade com Tomé, conhecido por personificar a frase “Ver pra Crer”, pode se assemelhar a muitos de nós ao buscarmos tantas provas para “acreditar” em algo, que pra questões espirituais, a matemática é um tanto diferente, ou seja, é preciso “Crer pra Ver”, “porque não recebeis testemunho senão depois da prova de vossa fé”! (Éter 12:6)

Um editorial da revista Cética intitulado “O que é um cético?”, apresentou a seguinte definição: “Ceticismo é… a prevalência da razão sobre qualquer ideia, sem exceção à regra. Em outras palavras… os céticos não entram em uma investigação quando não há nenhuma possibilidade de que o fenômeno seja real e de que a crença seja verdadeira. Quando alegamos que somos “céticos”, queremos dizer que queremos ver evidência convincente antes de acreditarmos.” ([“What Is a Skeptic?” editorial in Skeptic, vol 11, no. 2] 5)

E garanto, a melhor evidência é a espiritual!

Como disse o Doutor Carlos E. Asay, Líder SUD, ao ensinar que a ressurreição de Cristo se trata de conhecimento espiritual: “‘Evidências infalíveis’ de assuntos espirituais, como as da ressurreição de Cristo, não são feitas pela mão; são sentidas no coração. Não são vistas a olho nu; são vistas pelos “olhos da fé”. (Éter 12:19.) Tampouco são estabelecidas pelo toque de um dedo. A realidade dos assuntos espirituais é confirmada por sentimentos despertados pelas palavras de Deus, faladas ou escritas. (Ver 1 Néfi 17:45.) Digo isso porque “o Espírito fala a verdade e não mente. Portanto, fala das coisas como realmente são e como realmente serão”. (Jacó 4:13.) O Espírito Santo lida com a realidade, não com acontecimentos fantasiosos. Lembrai-vos de que os dois discípulos que caminharam e conversaram com Cristo na estrada para Emaús não o reconheceram a princípio. Mais tarde, porém, “abriram-se-lhes então os olhos, e o conheceram”, quando refletiram: “Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as escrituras?” (Lucas 24:31-32.) Lembrai-vos também de que Jesus disse a Tomé: “Não sejas incrédulo, mas crente ( . . . ) Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram”. (João 20:27, 29.) Nossos “olhos da fé” serão também abertos e saberemos com certeza que Ele vive e que viveremos com Ele novamente, se crermos e aceitarmos o convite divino: “Anda comigo” (Ver Moisés 6:34.).” (Conferência Geral ABR/1994)

Então, por trata-se de um conhecimento espiritual em recompensa a fé, por ainda ser um tanto inexplicável ao entendimento humano, daí o nome de milagre. O líder SUD David O. Mckay assim ensinou sobre o milagroso fato da Ressurreição: “Se um milagre é um acontecimento sobrenatural cujas causas transcendem a sabedoria finita do homem, então a ressurreição de Jesus Cristo é o milagre mais espantoso de todos os tempos. Nele se revelam a onipotência de Deus e a imortalidade do homem. A ressurreição é um milagre. Contudo, é um milagre apenas no sentido de que está além da compreensão e do entendimento humanos. A todos os que a aceitam como fato, ela é apenas a manifestação de uma lei uniforme da vida. Como o homem não compreende a lei, chama-a de milagre.” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: David O. Mckay)

Com a devida sensibilidade espiritual, que não nega ou desmerece o pensamento racional, mas deve suplantá-lo, devemos considerar e consequentemente acreditar, pelo dom da fé nos testificadores (D&C 46:14), tanto antigos quanto modernos. Tendo esta verdade em mente, “Quem pode questionar as evidências desses fatos?”, questionou Gordon B. Hinckley, que continua: “Não existe registro de qualquer negação do testemunho das pessoas que tiveram essas experiências. Existem provas abundantes de que prestaram testemunho desses acontecimentos durante toda a vida, chegando a dar a própria vida para afirmar a veracidade das coisas que tinham visto. Suas palavras são claras e seu testemunho fiel. Milhões de homens e mulheres ao longo dos séculos aceitaram esse testemunho. Um número incontável de pessoas viveu e morreu afirmando sua veracidade, com a certeza que lhe fora concedida pelo poder do Espírito Santo e que não podia negar. Sem dúvida, nenhum outro acontecimento da história da humanidade foi tão amplamente testado quanto à sua veracidade. (…) De todas as vitórias na história humana, nenhuma é tão grande, nenhuma é tão universal em seus efeitos, nenhuma é tão duradoura em suas conseqüências como a vitória do Senhor crucificado, que surgiu na ressurreição naquela manhã de páscoa”. (Gordon B. Hinckley, Stand a Little Taller, Eagle Gate: 2001, p. 140).

Por exemplo, Pedro, umas dessas muitas testemunhas, explicou a uma multidão em Cesareia a razão de ele e os outros discípulos estarem tão convictos de que Jesus estava vivo: “E nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém, onde o mataram, suspendendo-o num madeiro. Deus, porém, o ressuscitou no terceiro dia e fez que ele fosse visto, não por todo o povo, mas por testemunhas que designara de antemão, por nós que comemos e bebemos com ele depois que ressuscitou dos mortos.” (Atos 10:39-41)

Podemos fazer como fez Thomas S. Monson, somando também a nós  o seu testemunho: “Li o testemunho daqueles que sentiram a angústia da crucificação de Cristo e a alegria de Sua Ressurreição, e acredito no depoimento deles. Li o testemunho das pessoas do Novo Mundo que foram visitadas pelo mesmo Senhor ressuscitado, e acredito nesse relato. (…) “Cristo é já ressuscitado” (…) Como uma das Suas testemunhas especiais na terra hoje, neste glorioso Domingo de páscoa, eu declaro que isto é verdadeiro, em seu sagrado nome, mesmo o nome de Jesus Cristo, nosso Salvador, amém.” (Conferência Geral – ABR/2010)

IMORTALIDADE UNIVERSAL

Por esta razão, seguramente afirmo “a realidade da ressurreição universal e liberal de toda a humanidade”, tal como David A. Bednar ensinou (Conf. Geral ABR/2013), independentemente das escolhas na mortalidade, tanto boas quanto más, todos ressuscitarão; no entanto, a condição glorificada desta ressurreição, é proporcional ás suas obras. “Como Jesus Cristo rompeu as cadeias da morte, todos os filhos do Pai Celestial que nasceram no mundo ressuscitarão com um corpo que jamais morrerá. (…) O Senhor ofertou a todos nós o dom da ressurreição, por meio do qual nosso espírito será colocado em um corpo livre de imperfeições físicas.” (Henry B. Eyring – A Liahona ABR/2013)

Tentarei explicar melhor nas próximas linhas…

Dando continuidade aos extraordinários ensinamentos de Paulo,  lemos: “Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. (I Coríntios 15:21-22)” No “todos” citado por paulo, entendemos todos e tudo, ou seja, que não só as pessoas serão ressuscitadas, mas os animais e toda a natureza, na verdade a Terra toda! Explica o Doutor James E. Talmage: “Todo objeto criado que alcança ou realiza o objetivo de sua criação avançará pela escada do progresso, seja um átomo ou um mundo, seja um animalículo ou um homem (…).” (Regras de Fé, pag. 334)

Amuleque confirma em riqueza de detalhes o que Paulo ensinou e acrescenta que Cristo “[desatou] as ligaduras dessa morte física, para que todos se levantem dessa morte física. (…) Esta restauração acontecerá com todos, tanto velhos como jovens, tanto escravos como livres, tanto homens como mulheres, tanto iníquos como justos; e não se perderá um único cabelo de sua cabeça, mas tudo será restaurado em sua estrutura natural, como se encontra agora, ou seja, no corpo. (…) O espírito e o corpo serão reunidos em sua perfeita forma; os membros e juntas serão reconstituídos em sua estrutura natural, tal como nos achamos neste momento; e seremos levados a apresentar-nos perante Deus, sabendo o que sabemos agora e tendo uma viva lembrança de toda a nossa culpa. (Alma 11:44-44)” Onde entendemos que um corpo ressurreto torna-se perfeito, tendo todas as suas imperfeições reparadas.

Sobre esta “viva lembrança”, ensina Néfi: “(…) O corpo e o espírito dos homens serão restituídos um ao outro; e é pelo poder da ressurreição do Santo de Israel. Oh! Quão grande é o plano de nosso Deus! Porque, por outro lado, o paraíso de Deus deverá libertar os espíritos dos justos, e a sepultura, libertar os corpos dos justos; e o espírito e o corpo serão reunidos novamente e todos os homens tornar-se-ão incorruptíveis e imortais e serão almas viventes, tendo um perfeito conhecimento, como nós na carne, com a diferença de que o nosso conhecimento será perfeito.” (2 Néfi 9:13-14) A “viva lembrança” e o “conhecimento perfeito” citados acima, nos remete a verdade de que o ser ressurreto lembra-se não apenas de vida mortal que tivera, mas que também rompe-se-lhe o véu do esquecimento, e consequentemente, lembra-se também de sua vida anterior ao nascimento na carne, ou seja, da pré-existência mortal.

Diante da magnífica aula acima do trio Paulo, Amuleque e Néfi, a Ressurreição de Cristo trouxe a mesma benção a todos. O líder SUD Joseph F. Smith assim continua falando sobre às propriedades de um corpo ressurreto: “O corpo será ressuscitado com a mesma aparência que tinha quando faleceu, pois não há crescimento ou desenvolvimento no túmulo. Assim como foi sepultado, do mesmo modo ressurgirá, e as alterações para a perfeição lhe serão conferidas de acordo com a lei de restituição”. Mais especificamente, ele afirmou que “cada órgão, cada membro que foi mutilado, cada deformidade causada por acidentes ou qualquer outra forma, será restaurado… Uma pessoa não ficara para sempre marcada por cicatrizes, feridas, deformidades, defeitos ou enfermidades”, ele esclareceu, “estas serão removidas em seu curso, em seu devido tempo, de acordo com a misericordiosa providência de Deus. As deformidade serão removidos; os defeitos serão eliminados, e os homens e mulheres alcançarão a perfeição de seus espíritos.” (Joseph F. Smith, Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph F. Smith, Salt Lake City: Intellectual Reserve, 1998, p. 91-92).

“E as criancinhas?”, alguns podem sinceramente indagar se referindo àqueles que morrem na infância, a estes, Joseph Smith responde: “Nós sabemos que nossos filhos não serão obrigados a permanecer com a estatura de uma criança para sempre”, acrescentou, “pois foi revelado por Deus, a fonte da verdade … que na ressurreição, as criança que morreram e foram enterradas em sua infância irão ressurgir na forma de uma criança, assim como previsto, então começaram a se desenvolver. Desde o dia da ressurreição, o corpo vai se desenvolver até atingir a plena medida da estatura de seu espírito, seja ele homem ou mulher.”  (Smith, Ensinamentos dos Presidentes da Igreja, p. 130).

Ademais, segundo Douglas L. Callister, “o corpo ressuscitado será adequado às condições e glória a que a pessoa é atribuída no dia do julgamento. “Alguns moram em maior glória do que os outros” (TPJS, p. 367). Doutrina e Convênios ensina que “a sua glória será a glória pela qual vosso corpo é vivificado” (D & C 88:28), e três glórias são designados (D&C 76). Paulo (1 Coríntios 15:40) também mencionou três glórias de corpos ressuscitados: uma como o sol (Celeste), outra como a lua (Terrestre), e a terceira como as estrelas. Em uma revelação a Joseph Smith, a glória das estrelas foi identificada como Telestial (D&C 76). As luzes destas glórias são diferentes, assim como o sol, a lua e as estrelas como percebidas a partir de terra. “Assim também é a ressurreição dos mortos” (1 Coríntios. 15:40-42).” (Enciclopédia do Mormonismo – Ressurreição)

Lázazo Reviveu

Reviveram e não Ressuscitaram: Lázazo, o Homem que tocou nos ossos de Elizeu, a Filha de Jairo e o Filho da Viúva de Naim.

De acordo com o teólogo e arcebispo Peter Carnley, a ressurreição de Jesus é bem diferente da ressurreição de Lázaro pois “no caso de Lázaro, a pedra foi rolada para que ele pudesse sair… o Cristo ressuscitado não precisou que lhe rolassem a pedra, pois ele foi transformado e pode parecer onde quiser, quando quiser.”  (National Interest – Archbishop Peter Carnley) O corpo ressurreto tem o poder de tornar-se invisível e atravessar objetos sólidos, quando e se necessários, como foi o caso de Cristo, mas não de Lázaro, por que Cristo foi o primeiro a ressuscitar tornando-se “as primícias dos que dormem” (I Coríntios 15:20); por isso, na verdade, Lázaro, reviveu, e não ressuscitou, ou seja, o Homem que tocou nos ossos de Elizeu (II Reis 13:21), a Filha de Jairo (Lucas 8:40-56) [Talita Cume é uma expressão semítica: “Donzela, digo-te: Levanta-te!”] e o filho da viúva de Naim (Lucas 7:11-16), todos esses, reviveram e não ressuscitaram nesta ocasião, portanto, como não foram ressuscitados antes de Cristo, que foi Quem quebrou as cadeias da morte ao ressuscitar, mais tarde, certamente passaram pela morte; por exemplo, segundo uma das tradições, Lázaro, posteriormente foi martirizado.

Cristo foi as primícias da ressurreição, que abriu as portas para muitos outros ressuscitarem após ele segundo a vontade divina (Ex: Mateus 27:52-53)

Existem aqueles também que não foram revividos nem ressuscitados, mas transladados (Ex: Moisés, Elias, João Batista, Três Nefitas, etc…),  estes “(…) servem como anjos ministradores em muitos planetas” (Ens. Joseph Smith pag. 166) ou missões futuras (Ens. Joseph Smith pag. 186).

O corpo ressurreto de Cristo e de todos nós, quando igualmente ressuscitarmos, é “vivente com órgãos corporais internos tanto quanto externos”, segundo o Dr. James E. Talmage (Jesus O Cristo, pag. 666), que também acrescenta comentando sobre a saída de Cristo da tumba: “Não era necessário abrir o portal para preparar uma saída para o Cristo ressurreto. Em Seu estado imortalizado, Ele aparecia e desaparecia de aposentos fechados. Um corpo ressuscitado, embora de substância tangível, e possuidor de todos os órgãos de um tabernáculo mortal, não está preso à Terra pela gravidade, nem pode ser impedido em seus movimento por barreiras materiais. Para nós, que só concebemos o movimento nas direções relacionadas coma as três dimensões do espaço, a passagem de um sólido como um corpo vivo de carne e ossos, através de paredes de pedra, é forçosamente incompreensível. Mas o fato de que os seres ressuscitados se movem de acordo com leis que tornam possível tal passagem e até natural para eles, é evidenciado não só pelos incidentes relacionados com o Cristo ressurreto, mas também pelos movimentos de outros personagens ressuscitados (como a visita de anjo Morôni ao quarto de Joseph e este manuseando as placas de outro sagradas das quais posteriormente foi traduzido o Livro de Mórmom). De igual maneira, os seres ressuscitados possuem o poder de tornarem-se invisíveis à visão física dos mortais.” (Jesus O Cristo,  pag. 675)

O líder SUD Lorenzo Snow comenta: “Na vida futura teremos nosso corpo glorificado e livre de doenças e morte.” (Conf. Geral – OUT/1900)

O professor Dale B. Martin, professor de estudos religiosos da Universidade de Yale e membro da Academia Americana de Artes e Ciência, disse que “Paulo acreditava que o corpo recém-ressuscitado seria também um corpo celestial, imortal, glorificado, [e] poderoso, bem diferente do corpo terreno, que é mortal, desonrado, fraco e psíquico (em grego: psyche).” (Dale B. Martin, The Corinthian Body, Yale University Press, 1999)

Ficou mais que claro que um corpo ressurreto não é um espírito, mas um corpo de carne e ossos (Lucas 24:39 e D&C 130:22) glorificado (I Coríntios 15:40 e D&C 88:28), que se alimenta (Lucas 24:42), e tem órgãos,  que continua a crescer até a estatura perfeita do espírito, que não envelhece ou adoece, que não tem defeitos físicos, pois foram reparados, e não mais corre sangue em suas veias, mas é vivificado pelo espírito (Ens. Joseph Smith pag. 195, 359)! Sim, um corpo ressurreto é imortal e perfeito!

RESSUSCITA-ME

A palavra ressuscitar, pode ser aplicada tanto a transformação do corpo mortal em imortal, como extensamente foi discutido neste artigo, quanto a um novo nascimento, uma renovação espiritual, um despertar pra verdades eternas, um ressurgimento de bons compromissos assumidos que por um tempo foram descartados, e também a transformação do homem velho em homem novo!

Ao meu ver, Aline Barros foi muito feliz em sua bela música, que igualmente inspirou o título deste artigo, e que ela canta e encanta com a profundidade de sua mensagem, nos muitos trechos, a música também diz:

Mestre eu preciso de um milagre
Transforma minha vida, o meu estado
Faz tempo que não vejo a luz do dia
Estão tentando sepultar minha alegria
Tentando ver meus sonhos cancelados

(…)

Remove minha pedra
Me chama pelo nome
Muda minha história
Ressuscita os meus sonhos
Transforma minha vida
Me faz um milagre
Me toca nessa hora
Me chama para fora
Ressuscita-me
Que possamos despertar e sermos mais caridosos e amorosos, que valorizemos mais o Sacramento, e igualmente pensemos mais na Ressurreição de Cristo, que tanto precisamos pra curar nossas almas e alimentar nossas esperanças.

Douglas L. Callister concluiu: “A esperança de uma gloriosa ressurreição fortalece o brilho que caracterizou a fé dos santos do Novo Testamento, bem como aqueles que têm mantido a fé viva no mundo, incluindo os santos dos últimos dias.” Como disse Joseph Smith: “A esperança de ver meus amigos [e familiares] na manhã da ressurreição dá ânimo a minha alma, permite-me suportar as tribulações da vida. É como se eles tivessem empreendido uma longa viagem, e, ao voltar, os recebêssemos com grande alegria.” (Ens. Joseph Smith pag. 287)

Seguramente, Cristo é minha e nossa Páscoa, e Nele deposito minha esperança, fé e confiança! SEI QUE ELE VIVE!


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Campanha “sou mórmon” ganha versão brasileira

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A campanha publicitária “Sou mórmon” chegou ao Brasil. Iniciada em 2011 nos EUA e Austrália e recentemente levada também para o Reino Unido e Irlanda, a campanha procura mostrar membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias como pessoas normais, com suas diferentes origens, profissões e estilos de vida. Diversidade é um conceito essencial da campanha. No site, pode-se buscar perfis até por etnia e religião anterior. Os vídeos evitam capelas ou homens de camisa branca e gravata. Ambientes e pessoas são alegres e informais.

Dos cinco vídeos brasileiros, quatro mostram algum momento de superação. O empresário que pratica surf fala de como superou a morte do pai. A professora e coreógrafa superou a falta do amor de seu pai alcoólatra. O policial militar que ama dança gaúcha e luta contra o câncer. O ator e dublador e uma fratura exposta.

Que você pensa dessa campanha?


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Mórmons e o rock

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Não há música no inferno, pois toda boa música pertence ao céu.

Brigham Young¹

Um povo que sempre se dedicou à música como forma de entretenimento e adoração, os santos dos últimos dias não escapam das influências culturais que os cercam. Hoje se celebra o Dia (supostamente) Mundial do Rock. O tema é trivial, mas mostra como pronunciamentos de líderes da Igreja podem refletir o pensamento de sua geração e como a Igreja é também capaz de aproveitar de forma positiva uma influência antes denunciada como nefasta.

Em 1972, quando o rock era ainda uma força criativa e contestatória, o apóstolo Ezra Taft Benson advertiu os estudantes da BYU contra a natureza satânica do rock:

Música rock, com seu apelo físico instantâneo, é ideal para romper as portas, porque o diabo sabe que a música tem o poder de enobrecer ou corromper, para purificar ou poluir. Ele não vai se esquecer de usar o seu poder sutil contra você. Seus sons vêm do mundo tenebroso das drogas, imoralidade, obscenidade e anarquia. Seus sons estão inundando a terra.²

"Comunismo, hipnose e os Beatles", de 1974

“Comunismo, hipnose e os Beatles”,  livro publicado nos EUA em 1974

O élder Benson, nascido em 1899, se opunha à integração racial nos EUA e é possível que sua percepção do rock também estivesse ligada às suas visões racistas, já que o rock era originalmente um estilo de música negra. Além das implicações para a exclusão de negros do sacerdócio, Benson via a integração racial como uma arma comunista. Também se deve levar em conta a forte oposição à Guerra do Vietnã à época da declaração acima. E o movimento anti-guerra – incluindo o movimento hippie, embalado pelo rock –  seria, na opinião dos extremistas de direita, outra ferramenta comunista para destruir a sociedade norte-americana. Benson acreditava que  rock estava à serviço dos comunistas? Não sei. Mas a  inusitada concepção do rock como ferramenta da ideologia marxista era partilhada por outros cristãos nacionalistas, como mostra o livro ao lado.

Muito mais moderado em suas visões políticas e distante daquele ambiente de contestação, Gordon B. Hinckley ainda assim sugeriu, em 1991, que o rock não seria uma música a ser apreciada por santos dos últimos dias. Em uma coletânea de seus ensinamentos na presidência da Igreja, publicada em 1997, há este conselho:

Apreciem a música. Não o “rock and roll”, mas a música dos mestres, a música que tem sobrevivido através dos séculos, a música que eleva as pessoas. Se você não gosta desse tipo de música, ouça-a novamente e continue ouvindo-a. Será algo como ir ao Templo. quanto mais você vai, mais bela será a experiência.³

Não sei que motivações poderiam estar por trás da afirmação do presidente Hinckley. Políticas, imagino, nenhuma. E se ele entretinha alguma caracterização espiritual do rock, consciente de sua imagem pública, absteve-se de dizer. Quem sabe, não se trataria de um mero conflito (estético) de gerações?

Brandon Flowers (centro),  cantor do The Killers

Brandon Flowers (centro), cantor do The Killers

Em anos recentes, a campanha “Eu sou mórmon” mostra que, ao menos externamente, a Igreja não vai dizer nada contra o rock. Ao contrário. Em alguns perfis de brasileiros que participam da campanha, há referências ao seu gosto musical, como do rapaz que afirma “ir ao instituto [de Religião] e escutar o bom e velho rock’n roll.” E o mais famoso mórmon participando da campanha é justamente um roqueiro profissional - Brandon Flowers, vocalista da banda The Killers. Ou seja, o que foi denunciado por Ezra Taft Benson e desaconselhado por Gordon B. Hinckley hoje ajuda na campanha de publicidade da Igreja.

Provavelmente, o gosto musical da maioria das autoridades gerais não passou a incluir rock, mas os marqueteiros profissionais em Salt Lake parecem ter maior autonomia para fazer suas campanhas. Também precisamos reconhecer que, após mais de meio século de vida, o rock já não incomoda e é muito mais norma do que contestação. Quem sabe em alguns anos não veremos o Coro do Tabernáculo interpretando clássicos dos Beatles ou Elvis?

NOTAS

1. Journal of Discourses 9:244

2. BYU Ten-Stake Fireside, Provo, Utah, 7 de maio de 1972.

3. Teachings of Gordon B. Hinckley, Deseret Book, 1997, p. 395


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Há abuso nas entrevistas?

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Imagem: lds.org

Imagem: lds.org

O texto a seguir propõe uma importante reflexão sobre os propósitos e limites das entrevistas conduzidas por líderes na Igreja sud. Seu autor pediu que fosse publicado anonimamente para evitar danos à sua reputação como membro.

Certa vez, minha mãe comentou comigo o trauma que tivera no confessionário da Igreja Católica. Segundo ela, o padre foi invasivo nas perguntas sobre sexualidade: “acho que ele usava aquelas conversas pra se excitar”, ela reclamou.

No Mormonismo, a confissão a um líder da igreja é condição “sine qua non” para o processo de arrependimento de certos pecados.

Para melhor aperfeiçoar os santos, são feitas entrevistas de rotina; ou seja, mesmo que não parta do fiel a iniciativa de externar a transgressão, ele é convidado ao bispado, onde pecados lhes são sugeridos para facilitar a confissão.

Creio que todo mórmon de algum modo passa por constrangimento nas entrevistas, em especial, no período da puberdade. Lembro-me do nervosismo que sentia quando me era perguntado sobre masturbação e coisas afins. Era muita maldade fazer aqueles jovens falarem sobre coisas tão íntimas e pessoais. 

Antes de ir pra missão, fui chamado como conselheiro dos rapazes. Um dia, o presidente veio se aconselhar comigo: “estou muito preocupado; quando falei sobre masturbação na aula da OR, os rapazes ficaram sem graça, olhavam pro lado… acho que estamos tendo sérios problemas com isso na ala”. Esse presidente da OR hoje é bispo. Fico pensando como ele contorna o “problema” de seus jovens algumas vezes interpretarem mal o projeto “Mãos que Ajudam”, agora que ele pode perguntar isso diretamente a suas ovelhinhas pecaminosas.

Jamais esquecerei meu primeiro domingo no CTM. O discurso foi sobre arrependimento, e O milagre do perdão, a principal referência bibliográfica. Infelizmente não foi citada a parte cômica (aquela que identifica o Pé Grande como sendo Caim), ficamos só na lista de pecados sexuais, e como sofreríamos assim como Jesus sofreu caso não confessássemos que de vez em quando colocávamos pra funcionar aquilo que Boyd K. Packer chamou de “pequena fábrica”.

O sadismo daquele líder do CTM me chamou atenção, parecia sentir prazer em ver que aquilo havia causado constrangimento naqueles adolescentes. Após o discurso, se dirigiu aos élderes e perguntou se alguém queria conversar com ele. Dois ou três, com semblantes chorosos, entraram em sua sala.

Anos depois, aconteceu comigo uma coisa bem interessante. Fazia pouco tempo que minha mãe havia falecido, e eu achava que a intromissão dos membros da igreja na minha vida havia morrido também. Ledo engano!

Devia ser uma sexta feira, fui visitar minha namorada, hoje minha esposa. Começo de namoro, sabe como é; aquela vontade de tá junto. Terminei perdendo o último ônibus e tive que dormir na casa de minha amada. No domingo seguinte, alguém me chamou na aula do Quórum e disse que o bispo queria falar comigo. Entrei no bispado e sentei-me na cadeira dos réus. Com toda truculência, o bispo perguntou: “Você está tendo relações sexuais com sua namorada? Soube que você anda dormindo na casa dela”. Nem Orwell imaginaria que o “Grande Irmão” estava assim tão presente. Pude entender o que era a “liberdade vigiada” da letra dos Paralamas do Sucesso.

Conversando com colegas que confessaram ter quebrado a lei de castidade e passado por ações disciplinares, espantei-me dos detalhes que lhes eram perguntados para que fosse “diagnosticado” o grau do pecado. Onde foi? Com quem foi? Como foi? Fizeram isso? E aquilo? Como se tratava de bispos fazendo perguntas íntimas não somente a homens, creio que a conclusão que minha mãe tivera sobre o sacerdote de sua antiga igreja poderia muito bem se aplicar aos líderes da tradição religiosa em que ela me criou.

Há abusos em nossas entrevistas? E nos tribunais do sumo-conselho? Vocês passaram por coisas assim?


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Ordenação às Mulheres

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mulheresCresce, aos poucos, na Igreja SUD uma conscientização coletiva de que mulheres SUD não vêm sendo tratadas ou consideradas com a mesma igualdade de respeito e oportunidade que os homens SUD. Tais reflexões não são novas ou originais, mas o que mais impressiona no presente momento é a penetração social desta ideia. Além de uma crescente mobilização entre mulheres SUD, parece haver uma recíproca preocupação entre a liderança (exclusivamente masculina) SUD.

Não obstante o progresso visto nos últimos anos, há mulheres na Igreja que finalmente estão reinvindicando equalidade total através de um (gigante) passo simbólico: ordenação de mulheres ao Sacerdócio.

Antecedentes

A proposição não é inédita. Na igreja Cristã no primeiro século E.C. era comum ver mulheres em posições de liderança eclesiástica. Junias, esposa de Andrônico, servia como Apóstola. Phoebe servia como Diácona na cidade de Cenchreae. Priscila, esposa de Áquila, era Missionária (συνεργός) com os demais Apóstolos e líder da uma congregação (o equivalente a “presidente de ramo”) na “Ásia” (Turquia). Entre outras mulheres que igualmente serviam como líderes de congregações estavam LídiaEvódia, Síntique, Ninfas, Cloé, e as 4 filhas de Felipe.

Mesmo na tradição Mórmon, há exemplos de ordenação de mulheres. Quando Joseph Smith decidiu incorporar a já organizada (independentemente por um grupo de mulheres) Sociedade de Socorro sob a direção da Igreja, prometeu que iria conferir “poder e autoridade e as chaves do Sacerdócio” à organização de mulheres. Infelizmente, essa abertura foi abortada quando Emma Smith tentou usar a Sociedade de Socorro para coibir os casamentos plurais secretos de Smith e a Sociedade foi desorganizada, até que Brigham Young a reorganizou anos depois. Sob a direção de Eliza Snow, uma das esposas plurais de Young, a organização de mulheres passou a gozar novamente de maiores liberdades, exercendo o seu Sacerdócio para curar, profetizar e realizar outras ordenanças, além de incentivar estudos e carreiras (e até o sufrágio) para mulheres. Infelizmente, essa abertura também foi abortada na virada do século XIX para o XX em concomitância com o fim gradual da poligamia e uma transição de um modelo patriarcal aberto (i.e., poligamia) para um mais velado (i.e., submissividade feminina). O uso do Sacerdócio feminino foi “desencorajado” e a Sociedade de Socorro perdeu sua independência financeira e editorial.

Outra igreja Mórmon, contudo, optou por encerrar esta forma de discriminação baseada em gênero e canonizou na Doutrina e Convênios uma revelação recebida em 1984 pelo bisneto de Joseph Smith, Wallace B. Smith. Desde 1985, mulheres na Comunidade de Cristo são ordenadas ao Sacerdócio normalmente, servindo em diversas posições de liderança, inclusive no Conselho dos Doze Apóstolos e na Primeira Presidência.

Com uma rica tradição de inclusividade às mulheres, tanto nos primórdios Cristãos, como na própria história Mórmon, por que a Igreja SUD insiste em segregar as mulheres para uma condição de status secundário? Esta é uma das perguntas levantadas por muitas mulheres SUD.

Atualidade

Dois artigos recentes no The New York Times descrevem tanto as mudanças recentes dentro da Igreja SUD como a militância de mulheres SUD para serem incluídas dentro da Igreja como “iguais”.

Nos útimos 18 meses, a Igreja reduziu a discrepância de idades entre homens e mulheres para serviço missionário (de 19 e 21 anos, respectivamente, para 18 e 19 anos) e passou a autorizar alguns cargos de lideranças para mulheres missionárias. Além disso, um membro da Primeira Presidência chegou a admitir que a Igreja havia errado no passado justamente enquanto mulheres SUD do movimento ‘Ordain Women’ (n.t., Ordene as Mulheres) tentavam entrar na Reunião do Sacerdócio da Conferência Geral (e protestavam sua exclusão).

Estes passos podem ser vistos como progresso inquestionável. Há duas décadas a Igreja caçava e excomungava mulheres que publicavam artigos acadêmicos sobre Mãe Celestial ou ordenação às mulheres. Hoje protestam e abrem petições online sem serem perseguidas. Há duas décadas, mulheres eram permitidas como missionárias, mas não encorajadas. Hoje são incentivadas a servirem, mais jovens até. Há duas décadas, mulheres eram incentivadas pelo Presidente da Igreja a não trabalharem e não terem carreiras e a serem donas-de-casa integralmente. Oras, há um ano uma mulher até ofereceu uma oração em plena Conferência Geral. A primeira em quase 200 anos. Pasmem! Certamente, houve muito progresso.

Mas não é suficiente ainda, dizem as irmãs da Igreja.

Estas destemidas irmãs da Igreja acreditam que ainda há muito sexismo na abordagem da educação sexual e moral das crianças e adolescentes SUD. Elas se opõe publicamente a uma Autoridade Geral que sobe ao púlpito em Conferência Geral para exortar as mulheres SUD a encontrarem seus propósitos de vida em serviços domésticos. Milhares delas, inclusive, solicitam medidas específicas e práticas às Autoridades Gerais para mitigarem a discrepância no tratamento entre mulheres e homens, como permitir que mulheres abençoem seus filhos, sirvam de testemunhas em ordenanças, possam se selar a seus segundos maridos (após divórcios ou viuvez), ou sejam incluídas nos conselhos de liderança em estacas e nos conselhos gerais.

No frigir dos ovos, tudo repousa na questão de tratar mulheres de maneira egalitária aos homens. Ordenando mulheres ao Sacerdócio, abrem-se as portas para que sirvam em posições de liderança administrativa e institucional. Com as perspectivas femininas sendo levadas em consideração em pé de igualdade com as perspectivas masculinas (que, atualmente, são as únicas), todos os dilemas e desafios vivenciados (e ignorados) por mulheres SUD poderão ser estudadas e consideradas com pertinência e relevância. As mulheres Apóstolas, as mulheres Setenta, as mulheres Bispas e Presidentes de Estaca terão conhecimento pessoal das entrevistas inapropriadas ou do foco exagerado e distorcido em vestimentas, e poderão levantar estas questões nos comitês relevantes. Ademais, a simples visão de mulheres no púlpito, ao leme, e em comando traria às crianças e meninas e adolescentes SUD lições incalculáveis sobre auto-estima feminina, a importância das mulheres na sociedade e na Igreja, e de tratar todas as pessoas, independente de gênero, como iguais perante Deus e os seres humanos.

Experiência Pessoal

Crescendo na Igreja, portando um pênis na Primária e o Sacerdócio na adolescência, eu nunca tinha me dado conta que houvesse diferenças no tratamento entre mulheres e homens. Como membro da classe privilegiada, eu simplesmente achava “natural” que houvesse tais diferenças e ignorava as (poucas) vozes que sugeriam o contrário.

Ela não pode ser considerada menos missionária do que qualquer menino de gravata!

Ela não pode ser considerada menos missionária do que qualquer menino de gravata!

Até a minha missão. Como missionário, eu tive a primeira experiência que me fez realmente considerar a posição feminina.

Na época eu estava servindo como líder de zona, e como tal, era responsável por todos os missionários no meu país. Com a distância da ca

sa da missão, a mim ficava delegado as decisões de autorizações de viagens. Uma das missionárias, Jenny Bartholomew, me ligou no Domingo à noite para passar as estatísticas da semana em sua cidade e aproveitou para me pedir permissão para uma viagem no seu dia de folga.

Eu respondi:

– Ok. Você acha que vocês conseguem voltar antes do anoitecer?

– Eu acho que sim. Mas pode ser que não consigamos.

– Certo. Eu me sentiria mais confortável se vocês fossem com os missionários, então.

– O QUÊ???

– Eu disse que eu me sentiria mais confortável se vocês fossem com os OUTROS missionários. Para segurança.

– Ah, tá! Eu vou falar com eles, então.

Eu adorava a Sister Bartholomew. Ela era muito esforçada, muito trabalhadora, muito mais inteligente que quase todos nós, e certamente a mais adulta da missão (e isso incluindo o Presidente da Missão e esposa). Algumas semanas antes, eu estava visitando a cidade delas, e ela me havia dito que se incomodava como os missionários (homens) tratavam as missionárias como “menos” missionários do que eles. Eu retruquei que achava isso um absurdo, que elas eram idênticas aos outros missionários, e que isso era apenas uma percepção exagerada dela. E ela deixou a conversa por ali.

Eu tenho certeza de que ela se lembrou daquela conversa quando eu cometi o meu ato-falho. Eu estava sendo perfeitamente sincero quando lhe havia dito que as considerava iguais — certamente, eu a considerava mais, pessoalmente, que qualquer outro missionário. Não obstante, eu devo ter ouvido essa distinção tantas vezes, por tantas pessoas (e, infelizmente, pelo Presidente de Missão), que ela se espreitou às minhas palavras de maneira inconsciente e inesperada.

“Eu me sentiria mais confortável se vocês fossem com os missionários.” Como se elas não fossem missionárias! Eu fiquei mortificado. Por semanas, morria de vergonha ao falar com ela, que, graciosamente, jamais tocou no assunto novamente. Contudo, jamais deixou de tocar a minha consciência.

Eu percebi, então, que mulheres na Igreja (e, infelizmente, não apenas na Igreja) passam por desafios que eu, como homem, não consigo nem enxergar direito simplesmente por não vivencia-los. Nós, homens, podemos tentar entender o que vivem as mulheres, mas nunca conseguiremos compreender adequadamente. Por isso, elas merecem ter a voz e a autoridade e o poder para expressar os seus anseios, os seus sonhos, os seus medos, e os seus desafios. E isso nunca ocorrerá enquanto houver homens que acreditam que podem falar (e legislar e profetizar) em seus lugares.

Conclusão

A estrutura social Mórmon em tôrno da Igreja SUD permanece fundamentalmente patriarcal e machista. Acreditar que é um problema que não nos compete solucionar, e que qualquer solução deve vir “de cima pra baixo” é uma postura imoral e preguiçosa. Acreditar que, por ser um problema prevalente em toda a sociedade autóctone seja aceitável que o seja dentro do Mormonismo é ofensivo à própria idéia de que a Igreja deva servir de liderança moral e ética ao Mundo. Parabéns às mulheres que tem a coragem moral de tentar mudar o mundo, e a fé, para que as inclua e as trate dignamente. A nós, homens, nos resta apenas apoiar estas mulheres de coragem.

 

Feminista?

 


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Quem Eu Acho Que Sou?

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Texto por Kristy Money

“Sinto muito por ela, ela deve se sentir bem envergonhada. Ela deve se achar muito de si se acha que é o papel dela criticar a Igreja. Quem ela acha que é, mesmo?”

Este é o comentário mais recente que recebi da minha comunidade SUD depois que saiu um artigo no The New York Times com a minha história, junto com as incríveis histórias de várias mulheres  SUD, falando sobre as experiências delas na Igreja. Recebi este comentário simplesmente por contar minha história, a história de querer segurar minha filhinha recém-nascida enquanto ela fosse abençoada na capela pelo meu marido, e tive este desejo recusado por meu bispo, mesmo que tal pedido nem seja contra o Manual Geral de Instruções.

Também saiu no artigo esta foto de mim com minha filhinha, Rosemary.

Também saiu, no artigo do The New York Times, esta foto minha, com a minha filhinha Rosemary.

Sei que não estou sozinha em receber críticas como esta: sei que muitas outras feministas SUD já foram mal-entendidas e já receberam comentários como este desde antes de eu nascer. Mas sou mais ou menos recém-chegada à comunidade feminista SUD, e à organização Ordene as Mulheres (no original, ‘Ordain Women’), à qual pertenço. Só vai fazer seu primeiro aniversário este mês. Então, mesmo que talvez devesse esperar tal reação, eu não tinha me preparado o suficiente para poder ler tais comentários sem realmente senti-los na pele. Comentários dizendo que estou praticando artimanhas sacerdotais, que sou apóstata, que estou enraivecendo Deus ao expressar meu desejo de segurar minha filhinha com orgulho e amor enquanto ela recebe um nome e uma benção na capela.

É verdade que meu coração praticamente saltou do meu peito quando primeiro vi minha foto e li o meu nome num jornal tão proeminente, mas não acho que este tipo de vergonha é o que esta irmã queria dizer com o seu comentário. Senti-me bem mais envergonhada quando estava no escritório do meu bispo, implorando para poder segurar minha Rosinha durante sua benção.

Abordei meu bispo com este pedido justamente porque eu sabia que ele é um homem justo, um homem bondoso, que fez questão de fazer amizade conosco quando nos mudamos pra sua ala, que parecia talvez um pouco menos rígido do que muitos outros bispos. Por exemplo, o filme preferido dele é ‘O Poderoso Chefão‘. Pensei que talvez ele estaria aberto à ideia, mesmo que fosse um pouco heterodoxa.

Ele disse que sentia muito, mas sua resposta era não. A explicação dele era que “o Manual Geral de Instruções diz claramente que somente portadores do Sacerdócio de Melquisedeque podem participar.”

Em minha voz mais educada, perguntei-lhe se ele estaria disposto a pedir permissão do Presidente de Estaca, especialmente quando um diácono tradicionalmente segura o microfone durante tal tipo de benção, e ele tampouco tem o Sacerdócio maior. Perguntei assim: “Se ele pode segurar o microfone sem o Sacerdócio de Melquisedeque, posso segurar a Rosie da mesma forma?” Eu não estaria participando na ordenança mais que o diácono, ou mais que a cadeira na qual eu estaria sentada. Ele me respondeu que sim, estava disposto a perguntar, mas logo me trouxe a mesma resposta: Não.

Gentilmente, perguntei-lhe outra vez, desta vez tentando apelar ao seu coração, compartilhando alguns dos meus sentimentos mais sinceros. Contei-lhe a história de quando, certa vez, eu estava no consultório do médico pediatra da minha filha e vi um bebezinho cair ao chão e bater a cabeça. O som da batida da cabeça com o chão, o olhar de terror na cara da mãe quando se deu conta de que seu filhinho não estava mais seguro no seu carrinho — eu simplesmente não conseguia tirar este som e esta imagem da minha mente. Sinceramente, eu tinha medo de que alguma coisa parecida pudesse ocorrer com um monte de homens balançando minha filha na frente da capela. Perguntei se existia alguma maneira dele acomodar minhas preocupações e nervos como mãe. Ele me disse não outra vez, arrematando que não queria criar precedentes para outros casos possíveis. Depois da nossa conversa, saí do bispado, achei uma sala vazia, sentei-me e chorei.

No fim das contas, abençoamos Rosinha na casa da minha avó, à beira-mar. No lar onde minha mãe fora criada. A casa onde meus pais celebraram seu casamento. O lugar sagrado onde minha avó me segurava como recém-nascida, onde ela me ajudou a soprar as velas dos meus bolos de aniversário, onde passei parte da minha lua-de-mel com meu marido enquanto minha avó ficava na casa dos meus pais, onde passei as primeiras horas do nascimento da Rosinha após chegar do hospital.

Abençoamos Rosinha num domingo de Páscoa, uma celebração do seu nascimento justamente no dia do renascimento do Salvador. Foi uma experiência espiritual, sagrada e marcante que nunca vou esquecer, sagrada até demais para contar em detalhes aqui. Só digo que, enquanto segurava minha filhinha preciosa e ímpar, meu marido abençoou-a para ser forte e corajosa, sempre lembrando que ela é uma filha querida de Pais Celestiais.

Espero ser forte assim também, por Rosinha e por sua irmã mais velha Evangelina, mês que vem na Conferência Geral quando eu vou, junto com as minhas irmãs de ‘Ordene as Mulheres‘ para o Centro de Conferências em Lago Salgado, chegar às portas durante a Sessão do Sacerdócio, para bater e pedir entrada assim como o Salvador faz no coração de cada um de nós.

Quem eu acho que eu sou? Não sou famosa. Sou a mulher na sua ala tentando me virar na reunião sacramental com crianças pequenas. Sou alguém que ama seu marido fortemente, que considera o dia um sucesso se as crianças comem o suficiente e não saem de casa peladas rua à fora. Procurei estudar porque creio na escritura que diz que “a glória de Deus é inteligência”. Também sou psicóloga, e escolhi este profissão em grande parte por querer poder “chorar com os que choram… e consolar os que necessitam de consolo”.

Sou uma mulher SUD, e não me acho diferente de ninguém. Nem acho que eu seja muito diferente das mulheres que me criticam, como a mulher que fez aquele comentário inicial. Mas, sim, sou diferente num sentido: Creio e oro para que as mulheres possam ser ordenadas ao Sacerdócio.

Se você tem sentimentos parecidos, e talvez queira compartilhar tais sentimentos num perfil do site ‘Ordene as Mulheres‘ (assim como nossas irmãs MicheleGraciela, e Deborah), pode aprender mais fazendo contato neste e-mail: profile@ordainwomen.org.

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Reação Contra Mulheres

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medalhaoCelebrando o Dia Internacional das Mulheres com uma ‘Semana das Mulheres Mórmons‘ aqui no Vozes Mórmons, recebemos algumas reações que são ilustrativas e representativas, que valem ser exploradas e analisadas.

A própria Igreja SUD reagiu com uma nota oficial (endereçada ao movimento de mulheres SUD conhecido como ‘Ordene às Mulheres’, representado aqui no Vozes Mórmons pela articulada Kristy Money). Esta reação merece ser explorada e analisada.

A triste realidade é que a cultura Mórmon (dentro do contexto SUD) persiste embuído de um profundo senso de preconceito contra mulheres. Expressões populares como sexismo, machismo, e misoginia descrevem aspectos do que, na realidade, é nada mais que um preconceito enraízado na consciência coletiva Mórmon.

Definindo Têrmos

O sociologista francês Émile Durkheim introduziu a noção de “consciência coletiva” como o conjunto de ideias, atitudes morais, e crenças que funcionam como força unificadora dentro de sociedades específicas. O compartilhamento de ideias, crenças, e morais forja uma identidade coletiva que doutra maneira jamais existiria além do individualismo primário.

Mórmons, como quaisquer outros grupos, derivam seu senso de identidade enquanto grupo (social, religioso, etc.) deste conjunto de noções básicas compartilhadas. Dentre estas noções está a crença de que mulheres são inferiores e subservientes aos homens. Esta noção coletiva está fundamentada em preconceitos históricos contra mulheres.

Preconceito é um substantivo que descreve a (falta de) qualidade e rigor intelectual ou moral de determinados conjuntos de crenças ou atitudes. A definição de dicionário não poderia ser menos clara:

1. Ideia ou conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério ou imparcial.

2. Opinião desfavorável que não é baseada em dados objectivos. = INTOLERÂNCIA

3. Estado de abusão, de cegueira moral.

4. Superstição.

Assim sendo, preconceito contra mulheres pode ser definido claramente como uma idéia ou conceito sobre mulheres formado sem fundamento sério ou imparcial, possivelmente através de estado de abusão ou cegueira moral ou superstição, levando à uma opinião desfavorável que não é baseada em dados objetivos.

Misoginia (ódio ou desgosto de mulheres), sexismo, ou machismo são, assim, definidos.

Priberam: “Ideologia segundo a qual o homem domina socialmente a mulher.”

Michaelis: “Atitude ou comportamento de quem não admite a igualdade de direitos para o homem e a mulher…”

Porto: “ideologia que defende a supremacia do macho; atitude de dominação do homem em relação à mulher baseada na não aceitação da igualdade de direitos.”

Sociólogo Allan Johnson:

A [misoginia] é um aspecto central do preconceito sexista e ideológico, e, como tal, é uma base importante para a opressão de mulheres em sociedades dominadas pelo homem.

Relatório da OCDE sobre Sexismo Profissional:

Em muitos países, discriminação no mercado de trabalho é um fator crucial para disparidades de empregabilidade… influenciadas por valores culturais e sociais aprendidos de que se pode discriminar contra mulheres… por estereotipar determinadas tarefas ou estilos de vida como ‘masculinas’ ou ‘femininas’…

Relatório da ONU sobre Desafios de Mulheres Pelo Mundo:

…de modo geral, a inigualdade entre mulheres e homens em várias dimensões são determinadas pelas expectativas diferentes em papéis de gênero nas áreas produtivas e reprodutivas. Por exemplo… educação em alguns países involve menor investimento para meninas do que para meninos devido às baixas expectativas de retorno no investimento em mulheres. Ademais, o status subordinado de mulheres no lar é utilizado como argumento contra o investimento de tempo, além do aumento de incidência de violência contra a mulher. Mulheres trabalham mais horas que homens, com menos oportunidades no mercado de trabalho formal, porque as tarefas domésticas não são distribuídas igualmente dentro do lar…

O grande mal, como se pode imaginar, ocorre quando a consciência coletiva é fundamentada num conjunto de crenças baseadas em preconceitos nocivos a determinados grupos minoritários dentro do coletivo. No caso em questão, este grupo minoritário compõe metade do coletivo que, por motivos históricos de opressão e subjugação, permanece minoritário em acesso a poder e influência.

Ninguém disputa que as sociedades autóctones onde se insere o Mormonismo também não abraça preconceitos sexistas. Como vimos acima, o machismo é um problema endêmico na maioria das sociedades atuais. Contudo, isso tampouco desculpa o fato — e a relevância e a malignidade — do machismo prevalente dentro do Mormonismo.

Machismo Mórmon?

As reações mencionadas acima, que serão exploradas brevemente abaixo, expõe com clareza e sem ambiguidade o quão enraízado o preconceito machista está no consciente coletivo Mórmon.

A começar com a reação oficial da Igreja.

Em publicação oficial, a Igreja solicitou às mulheres do movimento ‘Ordene às Mulheres’ que se abstenham de manifestar seus desejos publicamente para serem maís incluídas dentro da sociedade Mórmon. O que estas mulhers desejam nada mais é que igualdade entre homens e mulheres — em status social, em oportunidades de liderança e decisão executiva, e de poder — e a resposta oficial da Igreja a este anseio resume-se assim em assegura-las que concessões recentes oferecidas pela liderança masculina deveriam satisfaze-las e que então deveriam por-se em seus devidos lugares:

Algumas conversas maravilhosas vem sido, e estão sendo, tidas concernente mulheres na Igreja e contribuições incalculáveis são feitas. As recentes mudanças que vocês viram, mais notadamente ao abaixarmos a idade mínima para missionárias, servem de exemplos e foram facilitadas pela sugestão de muitas mulheres SUD extraordinárias de todo o mundo.

Mulheres na Igreja, por uma larga maioria, não compartilham da sua advocacia pela ordenação ao Sacerdócio para mulheres e consideram esta posição extrema demais.

A Sessão do Sacerdócio da Conferência Geral é desenhada para fortalecer os homens e os meninos… Convidamo-nas, como nossas irmãs, a participar com mulheres de todo lugar na reunião paralela para mulheres e meninas… A reunião para mulheres é uma congregação notória de irmandade mundial… para focar na enaltação e doutrinas eternas relacionadas às mulheres.

O que esta representante oficial da Igreja está dizendo é que mulheres devem manter-se satisfeitas com o que recebem dos homens que lideram suas vidas espirituais e religiosas. Não é o lugar delas pensarem por si mesmas quais são as suas necessidades emocionais e espirituais, pois há homens encarregados que pensarão por elas. Ademais, além de não ponderem pensar ou decidir por si mesmas, elas devem agradecer pelo que já lhes foi feito ao invés de expressar o que elas realmente desejariam que se fizessem. O subtexto implícito aqui é que mulheres são incapazes de decidirem ou pensarem ou ponderarem (ou receberem revelações de Deus, que, supostamente, só aceitaria conversar com homens) por si mesmas, para si mesmas. Homens existem para fazer isso por elas.

Ignoremos, por um instante, a mentira de que a idade mínima para mulheres missionárias foi reduzida por causa de sugestões de mulheres mundo afora (assista aqui o Apóstolo Russell Nelson e Jeffrey Holland desmentindo essa afirmação), o fato permanece que, ainda que as idades mínimas tenham sido reduzidas, há uma diferenciação desnecessária e  ilógica entre homens e mulheres, aqueles podendo servir desde os 18 anos (e por 2 anos) enquanto estas apenas após os 19 anos (e por apenas 18 meses). Tal diferenciação, inteiramente sem qualquer motivo racional, apenas serve para manter o status inferior de mulheres frente aos homens.

Ninguém, óbviamente, gosta de ser classificado como preconceituoso. Pessoas sempre pensam bem de si mesmas por natureza. Isso é um viés cognitivo conhecido entres cientistas como o Efeito Dunning-Kruger (ou “superioridade ilusória”). Quando confrontadas com fatos que demonstram que desconfirmem suas crenças (e.g., que elas não sejam tão boas como imaginam ser) elas sofrem emocionalmente. Isso é uma reação cognitiva conhecida entre cientistas como Dissonância Cognitiva. Para reduzir a dissonância e ao mesmo tempo manter a superioridade ilusória, as pessoas costumeiramente se apegam aos seus preconceitos com mais afinco e alteram as aparências e consequências mais óbvias e externas. Neste caso, se vamos reduzir a idade mínima dos missionários, para não parecermos sexistas, vamos reduzir a idade mínima das missionárias também — mas não de maneira igual, pois afinal não são iguais! O sexismo não desaparece, apenas a aparência do sexismo.

O mesmo acontece com as sessões de Conferência Geral. Há uma sessão especificamente desenhada para homens (e meninos). Não podemos deixar entrar mulheres  no “clube especial para homens” pois ele deixaria de ser especial. Criamos, então, uma reunião para as mulheres e para lá devem ir. Não nos preocuparemos com o que elas querem, pois enquanto homens, sabemos o que é melhor para elas. Por havermos criado uma sessão só para elas, longe de nós homens, mostramos que não somos sexistas — há reuniões “exclusivas” para ambos os gêneros!

Mas o mais chama a atenção neste comunicado oficial é o roubo da voz. Mulheres não tem direito a sua própria voz. Elas não podem pedir o Sacerdócio. Serão expulsas do “espaço sagrado” em tôrno da Conferência. Elas não podem sequer determinar sua voz, pois lhes é dito o que “a maioria” das mulheres não quer o Sacerdócio. Mesmo que isso fosse verdade (ver abaixo), compete aos homens — e não às mulheres — estabelecer o que a maioria delas quer ou não quer.

E o golpe final é colocar toda essa argumentação machista na voz de uma mulher. Com dezenas de funcionários, o departamento de relações públicas coloca uma mulher para anunciar o repúdio da Igreja a este singelo movimento de mulheres SUD. Inseridas num contexto patriarcal por gerações — e por todas as suas vidas pessoais — mulheres passam a, passivamente, aceitar o modelo misoginista através de um processo psicológico denominado de sexismo internalizado.

Nenhum preconceito institucional seria relevante, contudo, se ele não distilasse pela população propriamente dita. No nosso caso específico, o seximos institucional SUD seria irrelevante se isso não se traduzisse em sexismo entre os membros da Igreja SUD. Certamente, não se pode dizer que todos os SUD, mas é preciso averiguar se não pode dizer que uma maioria significativa o seja.

A título de exemplos, seguem agora exemplos de reações de membros da Igreja aos artigos publicados aqui sobre o tema de mulheres Mórmons. Eles representam, de grosso modo, a maioria das reações (mas não todas — tivemos também muitas respostas positivas) e servem de exemplos claros de um machismo (às vezes) velado e insipiente. Como todo preconceito, suas argumentações são fundamentadas em profunda ignorância e medo. Como todo preconceito, eles se estruturam em uma ilusão de superioridade para defender-se de uma visível dissonância cognitiva.

Os comentários não estão incluídos aqui para escárnio, mas para educação e reflexão. O importante é enxergar os problemas aqui discutidos por detrás das palavras…

…não acho que nós mulheres precisamos ser ordenadas ao sacerdócio, sinceramente, acho que já o temos sem precisarmos sermos ordenadas (temos uma ligação imensa com o pai celestial e poderes grandiosos)

Ninguém duvida que esta mulher seja especial ou que não tenha “ligação imensa com o pai celestial e poderes grandiosos”. Mas ela não consegue perceber que sem “ser ordenada ao sacerdócio”, seus dons são secundários aos dons de qualquer homem que possa ser assim ordenado.

Ademais, a estruturação da sociedade Mórmon ao redor do Sacerdócio significa que o seu status enquanto mulher é secundário ao dos homens que a lideram, seus “poderes” e sua “ligação” não obstante.

Nao precisamos de maneira alguma receber o sacerdócio.Cada um tem seu papel a cumprir!

Não existe motivo racional e lógico que dite que mulheres não possam cumprir os mesmos papéis que homens. Mulheres são pessoas tanto quanto os homens, e como pessoas, cada uma tem talentos e dons específicos. Mulheres não tem um conjunto de talentos específicos que homens não possuem e vice-versa.

nunca tiveram nem terão [o Sacerdócio]!

Este comentário é simplesmente expõe profunda ignorância de história Mórmon e história Cristã.

Na minha opinião eu também acho desnecessário sacerdócio às mulheres, por uma razão simples, elas estão num estado espiritual bem mais elevado que nós homens, e digo isso também do fundo de minha alma…

Alguns homens acham que estão elogiando as mulheres com esse argumento, mas trata-se apenas de um sexismo velado. Homens e mulheres são pessoas, e como pessoas, apresentam dons individuais e idiosincráticos a cada pessoa. Promover a ideia de que determinado grupo (e.g., mulheres, Negros, Asiáticos, cegos, etc.) apresenta características distintas e separadas do resto da espécie de Seres Humanos é preconceituoso (e desprovado por centenas de estudos científicos).

Há mulheres espirituais e há mulheres não espirituais, assim como há homens espirituais e homens não espirituais.

Sempre vejo os temas abordados pela página e sempre tem alguma história de que alguém pediu alguma coisa a algum líder e o mesmo não concordou com ideia e pronto, vira polêmica.. Essa de mulheres serem ordenadas ao sacerdócio, foi demais!!! Somos nós que temos que nos adaptar a igreja, e não a igreja a nós!!!

A mensagem para as mulheres é: Não reclamem e aceitem seu status de segunda classe caladas. Os homens controlam a Igreja, e por tabela, as suas vidas? Então é assim que tem que ser.

Querer igualar o que eh diferente, eh complicado… Mas, assim como a jovem do texto, elas tem o arbítrio, segue se quiser. Lembrando sempre que elas precisam convocar com urgência a mãe celeste, poxa, coitadinha, passou o tempo todo sendo oprimida, nunca apareceu, nunca revelou nada, apenas o machista do seu esposo, vdg ele que manda, ele que aparece, manda apenas filhos cuidarem do seu povo, a autoridade para os filhos, anjos masculinos, ela nao reclamou por ter mandado um filho pra ser o salvador e nao uma filha, etc. etc. E tem que ser rápido, quanto tempo ela não já perdeu? Vi, estamos no últimos dias, se não correr o mundo acaba… Aff

O comentarista é intelectualmente incapaz de perceber o motivo porque homens recebem revelações sobre um Deus homem que ordena subjulgar mulheres e não recebem revelações sobre uma Deusa mulher!

Além da estupidez do comentário, nota-se uma profunda ignorância histórica sobre a questão de orar à Mãe Celestial. Apenas nas duas últimas décadas, Gordon Hinckley et al. orquestrou a excomunhão de várias mulheres que justamente defendiam pensar sobre — e orar para — a Mãe Celestial. Lynne Kanavel Whitesides, Maxine Hanks, Lavina Fielding Anderson, Janice M. Allred, e Margaret Toscano foram disciplinadas (i.e., excomungadas da Igreja) por escrever artigos e palestras e livros sobre, entre outras coisas, a Mãe Celestial.

O tom sarcástico e debochado, em conjunto com o preconceito latente e a ignorância dos fatos, apenas serve para demonstrar o desprezo inconsciente pelas preocupações e interesses das mulheres que saltam por detrás das palavras escolhidas para esconde-lo.

Sobre o Sacerdócio, as perguntas inicias deveriam começar com: Por que eu oro ao Pai Celeste e não a Mãe Celeste? Por que se apresentou dois homens para ser o Salvador e não foram mulheres? Por que foi escolhido um homem e não uma mulher? Por que Adão foi o primeiro e não Eva? E por aí vai, até chegar na pergunta do motivo dos meninos distribuírem o sacramento.

Novamente, a incapacidade intelectual de compreender as forças sociais e culturais que estabeleceram a estrutura patriarcal em conjunto com a mitologia fundacional de Criação. Adão veio primeiro porque homens escreveram o texto, e não mulheres. Isso é óbvio para qualquer pessoa inteligente que pára para pensar racionalmente no contexto histórico e cultural dos textos religiosos. Contudo, preconceito não é racional.

Não existe ordenação de mulheres ao sacerdócio no VT, não existe no Livro de Mormon, não existe em D&C, não existe em Pérola de Grande Valor, será se esqueci do NT? Não, não existe no NT, a não ser se pretendemos forçar poucos textos, a maior prova foi a o próprio Mestre, que chamou 12 HOMENS pra guiar sua igreja e portar as chaves, acho que não existe dúvidas

Novamente, o mesmo processo de cretinismo intelectual, reduzindo forças sociais e culturais complexas e milenares em modelos banais e simplistas, apenas para justificar o preconceito e reduzir a dissonância. Ignorando, ainda, que alguns Cristãos abraçavam a ordenaçam de mulheres no Cristianismo Primitivo (ver em “antecedentes”).

Sem esquecer de um grande detalhe, as mulheres que reivindicam o sacerdócio, precisam convocar com urgência a mãe celeste, poxa, coitadinha, passou o tempo todo sendo oprimida, nunca apareceu, nunca revelou nada, apenas o machista do seu esposo, ele que manda, ele que aparece, manda apenas filhos cuidarem do seu povo, a autoridade para os filhos, anjos masculinos, ela nao reclamou por ter mandado um filho pra ser o salvador e nao uma filha, etc. etc. E tem que ser rápido, quanto tempo ela não já perdeu? Vi, estamos no últimos dias, se não correr o mundo acaba… Aff

Os mesmos processos de redução de dissonância através de ignorância e submissão forçada, com tons de deboche e humilhação. Mostre este texto para qualquer psicólogo e as chances são grandes deste detectar mecanismos verbais de abuso emocional e psicológico nele. Infelizmente, muitos homens Mórmons são treinados desde a infância a interagirem assim com mulheres. A divisão entre meninos de 12 anos que são importantes e recebem o Sacerdócio e meninas de 12 anos que são mocinhas que vão aprender a costurar, cozinhar, e limpar deixa tais legados até a fase adulta.

Não é questão de falta de evidências, é questão são as provas contrárias. Vc está querendo dizer que poderia ter vindo uma salvadora ao invés do Salvador? Que no conselho era pra haverem mulheres se apresentando? E Eva poderia ser a primeira ao invés de Adão? E Jesus, poderia ter chamado 12 mulheres? OU se não pode, desde a existência pre mortal, qual base pra hoje mudar isso? Ou seja, desde a vida pré mortal eram homens, passou todo o tempo homens, e no fim dos tempos mulheres? A incoerência é explicita. A não ser que a mãe celeste comece a se manifestar.

Para este homem, é completamente inconcebível que uma mulher fosse importante o suficiente para ser uma “Salvardora”. Ou uma “Apóstola” (apesar de haver uma no Novo Testamento, que ele obviamente irá ignorar ou fingir que não está escrito o que está escrito).

As mulheres que fazem missão no templo tem autorização para exercer o sacerdócio, mas não o tem, não são portadoras. Isso é necessário para as ordenanças de investidura. Mas não concordo com a ideia de as mulheres receberem o sacerdócio, já temos responsabilidades demais como mães e esposa. Se um dia isso acontecer, torço muito para que os homens menstruem e fiquem grávidos!!

Reduzir as diferenças entre mulheres e homens aos genitais é, talvez, a forma mais crassa de sexismo que há. A mulher não é definida por sua vagina, ou seu útero, ou sua menstruação, ou sua capacidade de engravidar. Uma mulher que nasce com a Síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser não tem útero, não menstrua, e nunca engravidará, mas ela não é menos mulher que qualquer outra. E uma mulher que menstrua e engravida não é uma pessoa diferente de um homem que não menstrua e não engravida.

As responsabilidades de mãe e esposa devem ser as mesmas que as responsabilidades de pai e marido. Ambos devem dividir suas responsabilidades domésticas igualmente, e ambos podem servir sua comunidade religiosa igualmente.

…é uma regra o portador do sacerdócio ter que segurar a criança pra dar uma benção?

Procurar esconder o sexismo atrás de regras não o torna inexistente. Se é ou não é uma regra, é irrelevante. Esta é uma pergunta que não deveria sequer ser feita. Uma mulher deveria poder segurar seu bebê ao ser abençoado — ou abençoa-lo ela mesmo.

Em todas as alas que eu passei o terceiro discursante sempre foi um homem e na presidencia da dominical tb sempre vi homens sendo chamados. No meu ramo, nessas duas situações são mulheres.

Costumes, assim como regras, tampouco servem de justificativas racionais para práticas preconceituosas.

O terceiro orador e o presidente da escola dominical podem ser mulheres.

Podem ser mulheres? A forma não misoginista desta formulação seria: “Mulheres podem ser o que elas quiserem ser. Elas podem ser oradoras, presidentes, profetas, matriarcas, apóstolas, etc.”

Mas presidente da Escola Dominical ser mulher???
Alguém pode esclarecer como pode ser uma mulher presidente da escola dominical?

Simples. Elimando o preconceito contra mulheres de servirem em quaisquer capacidades para as quais seus talentos e dons individuais as qualificam enquanto seres humanos.

Em minha estaca anterior as mulheres podiam ser ultimas oradoras, já na minha estaca atual não. Nosso presidente de estaca recebeu instrução do setenta na conferência da estaca, não como regra, mas apenas para, em suas palavras, “seguir o exemplo da primeira presidência”. Por isso a presidência da estaca pediu aos bispados colocarem portadores do sacerdócio como últimos oradores.

E aí está, o principal motivo porque mulheres devem receber o Sacerdócio e servirem em posições de liderança, e como Apóstolas e Profetisas! “[S]eguir o exemplo da [P]rimeira [P]residência” é o maior e mais forte argumento para manter-se o status quo patriarcal e misoginista, e será o maior e mais forte argumento contra o preconceito e a misonigia quando o status quo mudar!

textos com forte teor feminista, assim como o machismo não deve ser aceito em qualquer grupo inclusive o religioso o feminismo e tão pernicioso e capaz de destruir valores quanto o machismo,tem tarefas que sinto dó de ver uma mulher realizar, mas sei que a mesma realiza por falta de oportunidade ou necessidade já fui missionário e sei a dificuldade que o missionário passa no campo, ontem mesmo vi o testemunho de uma síster que falava dos sofrimentos no campo, espirituais e físicos e relembrei como isso se passava comigo que não nasci na igreja e depois de um ano de membro fui para o campo sem saber o que me esperava, e fico pensando como é para as sísteres passar pela dureza do campo sendo elas mas refinadas e sensíveis sei que essas mulheres são super valorosas pois alem de estarem preparando-se para o casamento antes disso saem para dividir aquilo que lhe faz feliz, melhor que palavras ao vento de quem não pode lhe passar uma experiencia como a autora do texto e sentar-se por meia hora e usufruir da companhia de quem já pode viver esses ensinamentos e hoje poder pela experiencia tratar do assunto com verdadeira propriedade.

Feminismo é, por definição de dicionário, o “[m]ovimento ideológico que preconiza a ampliação legal dos direitos civis e políticos da mulher ou a igualdade dos direitos dela aos do homem”. A ninguém, exceto ao machista, ofende a noção de mulheres serem tratadas igualmente a homens.

O argumento machista de “proteger” as mulheres por serem “refinadas e sensíveis” nada mais é que uma manifestação velada da ilusão de superioridade — eu sou machista, mas machismo é imoral, e eu me acho uma pessoa moral, então o meu machismo é “do tipo benigno”; eu “protejo”, não discrimino!

Nota-se o machismo inerente no comentário quando o autor procede a ofender uma mulher por ser jovem e solteira, como se essas condições lhe impossibilitassem de compreender sua condição de mulher. Ademais, sugere o autor que a única função de vida significante para uma mulher é ser “casada” com um homem e, portanto, a jovem e solteira deveria se “prepara[r] para o casamento” com um homem para que se complete como ser humano, ao invés de ponderar na sua vida e na sua condição feminina.

Conclusão

É importante salientar que Mórmons não acreditam que estão sendo sexistas enquanto tratam suas mulheres como correligionárias secundárias. Na maioria dos casos, e provavelmente na maioria dos líderes, Mórmons acreditam que estão sendo perfeitamente justos e caridosos com suas mulheres.

Não obstante, o preconceito é real e inegável. Assim  como é real o sofrimento e constrangimento causado por ele. Muda-lo não será tarefa fácil, ou simples, ou rápida. O primeiro passo seria reduzir a dissonância cognitiva aceitando e admitindo sua existência. O segundo passo seria reduzir a superioridade ilusória pedindo desculpas e planejando rectificação. O terceiro passo seria alterar o consciente coletivo incluindo mulheres em status de igualdade (e.g., ordenando-as ao Sacerdócio, chamando-as a posições de liderança como Bispas, Setentas, Apóstolas, etc.). Apenas após estas 3 fases poderíamos começar a curar-nos deste mal e evoluir para um Mormonismo inclusivo, sem sexismo ou misoginia.

Não são esses, afinal, os famosos “passos” para arrependimento que aprendemos nas escolas dominicais? Não precisamos, então, nos arrependermos de nossos pecados coletivos e geracionais contra nossas mulheres?

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Se você começa uma frase com "não sou machista, mas..." você pode ter certeza de que está sendo machista.

Se você começa uma frase com “não sou machista, mas…” você pode ter certeza de que está sendo machista.


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Podcast Mórmon #101 – O Conselho dos 50

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A Associação Brasileira de Estudos Mórmons e o Vozes Mórmons anunciam o início de um projeto coletivo de podcasts para discussão de temas relacionados ao Mormonismo: O Podcast Mórmon.

Neste primeiro episódio Antônio Trevisan e Marcello Jun discutem o passado e o futuro da pesquisa acadêmico-histórica de um importante capítulo na história Mórmon: a fundação e o crescimento do Conselho dos 50, estabelecido por Joseph Smith em março de 1844 para servir como o braço político do Reino de Deus na Terra.

Assista aqui o podcast na íntegra:

[Ilustrada aqui a bandeira do Reino de Deus, ou do Conselho dos 50]

Em 1844, apenas três meses antes de sua morte, Joseph Smith estabeleceu uma nova organização composta por 53 indivíduos – incluindo três “gentios” (não-mórmons). Tratava-se de uma instituição teocrática, cuja existência era desconhecida dos membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Tal organização secreta deveria preparar o governo milenar de Cristo na Terra, constituindo um núcleo político inicial do Reino de Deus.

Em uma revelação recebida por Joseph Smith em 1842, o nome da organização havia sido dado por ordem divina:

Assim diz o Senhor, este é o nome pelo qual vocês serão chamados, o Reino de Deus e suas Leis, com suas Chaves e poder, e julgamento nas mãos de seus servos, Ahman Cristo.

Dois anos depois, ele iniciaria a organização desse Reino. Seus membros costumavam chamá-lo por um nome mais breve: Conselho dos 50. Outros se referiam à organização em seus diários como “YTFIF” (palavra inglesa “fifty”, de trás para frente) e “Conselho do Reino”, entre outros.

Apesar de sua enorme importância no pensamento de Joseph Smith, o Conselho dos 50 ainda permanece desconhecido da maioria dos mórmons. Não há, por exemplo, nenhuma menção do Conselho em manuais do Sistema Educacional ou outras publicações da Igreja sud. Por outro lado, desde a década de 1950, tem sido um dos grandes temas da história mórmon.

Antes de partir para a cadeia de Carthage, Joseph Smith instruiu o secretário dos 50, William Clayton, a queimar ou enterrar as atas da organização. Em 22 de junho de 1844, Clayton registrou em seu diário:

Joseph sussurrou e disse-me para colocar os r[egistros] do R[eino] nas mãos de um homem fiel e mandá-los para longe, ou queimá-los, ou enterrá-los, o que fiz imediatamente após retornar para casa.

Graças à sua escolha, as atas foram preservadas. No entanto, até hoje, não se encontram disponíveis para estudo.

Uma ótima notícia veio no ano passado, quando o Departamento de História da Igreja anunciou que as atas poderão vir a ser publicadas pelo projeto Joseph Smith Papers. Há uma grande expectativa sobre o que será publicado e quais questões virão a ser elucidadas pelas novas fontes.

Após o martírio, o Conselho dos 50 Brigham Young assumiu a liderança do Conselho dos 50. Uma de suas primeiras ações foi descontinuar participação dos não-mórmons no Conselho.

Para Brigham Young, assim como as novas ordenanças recebidas no Quórum dos Ungidos, a liderança dos 50 era também uma credencial para futuramente assumir a presidência da Igreja. Ou seja, o Conselho dos 50 era um ponto de disputa nos bastidores da crise de sucessão

Até James Strang – que nunca fora parte dos 50 – fez questão de criar sua própria réplica do Conselho teocrático de Joseph Smith, contando com o auxílio de George Miller, membro original dos 50.

Assim como na sucessão da Primeira Presidência, a sucessão no Conselho dos 50 tampouco foi livre de controvérsias. Pelo menos três de seus membros quiseram honrar as missões de colonização a eles dadas por Joseph Smith, colocando-as acima da liderança de Young – James Emmet, Alpheus Cutler e Lyman Wight – e acabaram por estabelecer suas próprias organizações.

Entre 1844 e 1884, quando ocorreu sua última reunião, o Conselho dos 50 passou por diferentes composições, assumiu diferentes tarefas e recebeu maior ou menor importância da hierarquia mórmon.

Você tem uma pergunta ou comentário adicionais sobre o Conselho dos 50?

Você tem alguma sugestão ou solicitação para o próximo episódio do Podcast Mórmon? Utilize abaixo o espaço dos comentários.

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Artigos citados no podcast (listados por data de publicação)

HANSEN, Klaus J. The Metamorphosis of the Kingdom of God: Toward a Reinterpretation of Mormon History.  Dialogue: A Journal of  Mormon Thought, vol. 1 no. 3, 1966.

QUINN, D. Michael. The Council of Fifty and Its Members, 1844 to 1945. BYU Studies vol. 20, no. 2, 1980.

EHAT, Andrew. “It Seems Like Heaven Began on Earth”: Joseph Smith and the Constitution of the Kingdom of God. BYU Studies vol 20, no 3, 1980.

BLYTHE, Cristopher J. “… But the future will write up the past, when all will be made plain…” What we will learn with the publication of the Council of Fifty minutes. 2013


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Por que você é firme na Igreja?

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Compromisso, Coerência e Aprovação Social

O primeiro contato com a Igreja é com os missionários. Logo eles pedem para você orar e ler o Livro de Mórmon. Fazem esse primeiro compromisso, além de marcarem a segunda visita. Os vizinhos já viram eles entrando na sua casa e a sua família já sabe ou esteve presente. Então, por ter gostado, achado eles lindos ou pra não ser anti-social, você marca a segunda visita. Com a próxima visita agendada, você fica preocupado em ler o Livro de Mórmon e orar daquele jeito que ensinaram pra perguntar a Deus se o livro é verdadeiro.O dia da segunda palestra chega. Você aguardou eles porque, afinal de contas, não quer parecer uma pessoa “sem palavra”, mas “eu não quero me batizar”, você pensa consigo. Os missionários  perguntam se você leu o livro e se orou. Você responde que sim, pois você assumiu um compromisso e cumpriu. Te convidam pra visitar a Igreja. Você vai, acorda cedo, é cumprimentado pelo pessoal da Igreja e fica lá nas três horas, mesmo não entendendo nada.

Marcam várias visitas e ainda te convidam para fazer parte da Igreja se batizando. Você vai recusar o convite de batismo, mesmo depois de ter recebido eles na sua casa por mais de cinco vezes, da sua família e a vizinhança toda ter visto, de ter ido na Igreja, de ter lido tudo que eles pediram, de ter orado e de até ter feito lanchinho pra eles? Mesmo relutante, eles te convencem e você aceita o batismo. Antes do batismo você conhece outro “élder” que te pergunta umas coisas e diz que você foi aprovado; e pede para assinar numa folha. No dia do batismo você convidou todos os seus conhecidos e a sua família, mas só o seu irmãozinho de 11 anos vai, mas a galera da Igreja está presente, principalmente os jovens e o Bispo. Agora é público o seu batismo e filiação na Igreja.

Tudo começou lá na primeira visita, onde fez os primeiros pequenos compromissos, que foram aumentando até fazer parte da Igreja. E quando você achava que já tinha ido longe demais, alguém te convida pra uma sala, faz uma oração e pede pra você ter a responsabilidade de recolher hinário de uma tal de sacramental. Mesmo relutante, você aceita. No corredor uma mulher te convida pra fazer estudo bíblico todo dia de manhã cedo (ou só aos sábados, o Instituto).

Você vai ao estudo bíblico, que chamam de seminário, faz amizade com a gurizadinha. Aí vai ao shopping durante a semana, na Renner, comprar pela primeira vez na vida uma roupa de crente. Chega no domingo, de gravata (ou de saia comprida), já conhece quase todo mundo da Igreja. Na reunião que todo mundo fica junto, o pessoal começa a subir lá na frente e falar de testemunho. As meninas do seminário, que subiram de mãos dadas, e uma mulher começam a chorar e não conseguem falar, tamanha a emoção. Deu até vontade de você subir também e falar em como sua vida mudou. Termina a reunião e você vai dar almoço para os missionários. No almoço eles marcam para apresentar seus amigos para ouvirem uma palestra. Você vai porque, afinal de contas, você se batizou, já conhece mais de 100 mórmons, viu o profeta no data-show ao vivo e um piano gigante de ouro, já entrou na sala do Bispo, faz seminário, faz uma oração por dia, você curte a pagina de todas as comunidades de membros da Igreja, presta testemunho em todos os comentários que falam “contra” a Igreja e você começa a achar que quem não é mórmon não o é porque não tem fé e está condenado. Você ainda é o responsável por guardar os hinários da sacramental, joga futebol com a galera, já leu três capítulos do Livro de Mórmon, quase deu o seu testemunho, sua mãe fala que os missionários te tiraram da perdição e até almoço pra seis “elders” já deu.

A crise de Fé

Passado dois meses após o batismo, vem a primeira crise de fé. Você se dá conta que foi longe demais e começa a sentir saudade da vida “mundana” que tinha. Mas pensa consigo: “não posso sair da Igreja. Fui contra a minha mãe, fugi dos meus amigos fornicadores, o Bispo sabe onde eu moro, conheço todo mundo da Igreja, o que eles vão pensar de mim? Minha família vai dizer que eu não tenho jeito e os mórmons vão falar mal de mim!”.

Nesta introspecção, você quer decidir sair da Igreja, mas você já assumiu tantos compromissos pessoais e públicos que torna-se uma luta interna tal decisão. A dificuldade de qualquer pessoa é que queremos nos manter coerentes na decisão tomada, é cultural. Segundo o psicólogo social, Robert B. Cialdini:

… [a] coerência é valorizada, enquanto que a incoerência é vista como um traço de personalidade indesejado. A pessoa cujas crenças, palavras e ações não condizem é vista como confusa, hipócrita e até mentalmente doente. Por outro lado, um alto grau de coerência costuma estar associado à força pessoal e intelectual. É a base da lógica, da racionalidade, da estabilidade e da honestidade.

Sempre reagimos de maneira que justifique as nossas decisões. Fica mais sério ainda quando passamos por contratempos e sofrimentos. Se escolhemos torcer pelo Corinthians, mesmo na derrota, nos convencemos e tentamos convencer que a nossa escolha foi certa; e acreditamos que vai melhorar. Aquela namorada (ou namorado) que nos prejudica, vamos defender e nos convencer da nossa escolha até onde pudermos; e acreditamos que vamos nos dar bem. Quando escolhemos um candidato, acreditamos que vai vencer a eleição; nos convencemos disto. Todos nos enganamos de vez em quando para manter nossos pensamentos e crenças coerentes com o que já fizemos ou decidimos (Cialdini).

Os vendedores usam desta artimanha quando sugerem experimentar um produto e, feito um orçamento, ficamos até constrangidos quando não compramos. As lojas de brinquedos anunciam um brinquedo a ser lançado no Natal, então prometemos dar de presente ao nosso filho, com condição de ser estudar mais, ser mais obediente… A loja propositalmente retira o tal brinquedo prometido ou deixa com estoque reduzido. Ao ir à loja comprar o brinquedo prometido e merecido, não o encontramos e acabamos escolhendo outro. Mas em janeiro, quando a vendas diminuem, a loja estrategicamente anuncia na TV que o brinquedo que tinha se esgotado no Natal chegou com mais unidades. Como prometemos antes do Natal o brinquedo para o nosso filho e, para nos mantermos coerentes com a promessa, compramos.

Em 1966, dois psicólogos da Califórnia conseguiram colocar um outdoor sobre educação no trânsito no gramado da frente de 76% das casas num bairro residencial. Conseguiram porque tinham feito o compromisso com os moradores duas semanas antes de assinar um abaixo-assinado e de colocar uma pequena placa de 8 centímetros que dizia: Dirija com Segurança.

Voltando para o rapaz (ou moça) indeciso. Agora ele quer tomar a decisão de sair da Igreja. Mas para isso ele vai trabalhar para equilibrar a incoerência com a coerência da decisão prestes a tomar, ou seja, para justificar a sua saída e manter-se coerente. Então, agora precisa juntar elementos de que a Igreja não é a certa. Tomada a decisão de sair, agora vai se convencer de que fez a escolha correta. Um detalhe: é muito raro a pessoa que vai se afastar da Igreja avisar publicamente a sua saída. É justamente porque ela ainda se sente incoerente.

A realidade começa e você só percebe agora que ninguém te ama como você pensava. Já faz um mês que os “élders” que te batizaram foram embora e ninguém da Igreja veio te visitar, nem o menino que tem nome de profeta do Livro de Mórmon te visita mais. Só chamam pra limpar a capela. Você vai à Igreja no domingo e fica sozinho no banco. Você faltou essa semana ao seminário e a professora nem perguntou. Você já quer sair da Igreja mesmo e pensa consigo “acho que ninguém vai sentir falta de mim. Acho que o Bispo nem vai perceber”. Você fica com preguiça de ir à Igreja no domingo seguinte e acorda às dez da manhã. Ninguém te procura no domingo à tarde, nem os “élders”. Então você digita mórmon no Google para aprender mais e conhecer novas gatinhas. Aparece que a Igreja é uma seita, você leva um susto, o coração acelera, rapidamente volta pro Facebook, faz uma oração e dá play no hino “Que Manhã Maravilhosa”.

“Só pode ser mentira, não foi isso que aprendi com os ‘élders’”, você pensa. Mas aí volta pro Google e lê mais calúnias sobre a Igreja. “Joseph foi maçom? O Livro de Mórmon é anti-bíblia? Nãããão!”. Então você cria um perfil falso na internet, cria um blog ou site com criticas sobre a Igreja para se manter o mais coerente possível de que a Igreja é falsa. Já achou o que precisa para ser coerente com a decisão de sair da Igreja. Falta apenas achar mais pessoas que pensam da mesma forma, para se sentir aprovado socialmente.

Conclusão

Poderia ter incluído o testemunho como fator de motivação para permanecer na Igreja, mas nem todos tiveram alguma experiência espiritual ou mesmo acreditam nelas. Talvez não seja um testemunho que faz uma parte dos membros continuarem na Igreja. Quem vai filiar-se à Igreja, quem está dentro e quem quer sair tem seus conflitos internos em comum: tomar a decisão de fazer compromissos e se manterem coerentes na decisão tomada. E vão fazer o que puder para se convencerem da escolha.

Também um grande compromisso é firmado por causa dos pequenos compromissos.

Muitos continuam firme na Igreja mais para serem coerentes depois de tantos compromissos pessoais e públicos (casamento, Templo, chamados, etc.) e para se sentirem aprovados socialmente, mesmo que não tenham nenhuma experiência espiritual, pois gostamos de parecer elegantes e sofisticados em público. E muitos que se afastam, afastam pelo descaso dos membros e falta de preparo da Igreja em lidar com assuntos delicados.

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Capelas do Brasil

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Fotos das Capelas SUD do Brasil

Placa comemorativa da primeira unidade da Igreja SUD no Brasil, na capela de Ipoméia em SC

Placa comemorativa da 1a unidade da Igreja SUD no Brasil, na capela de Ipoméia em Santa Catarina

Eis a nossa (não permanente) coleção de fotos de capelas SUD espalhadas pelo Brasil.

Há um mês lançamos um concurso para fotografar as capelas SUD e este fim de semana anunciaremos o vencedor na nossa página do Facebook e entraremos em contato para enviar o prêmio de audio-CDs do Livro de Mórmon.

Mas o verdadeiro vencedor somos todos nós, com (apenas) o começo de uma coleção — que, esperamos, crescerá com o tempo — de fotografias para comemorar as muitas capelas SUD distribuídas Brasil afora.

As fotos abaixo estarão organizadas em órdem alfabética (pelo nome da unidade principal) com exceção da primeira foto, que serve de homenagem à primeira unidade da Igreja na história do Mormonismo no Brasil.

Ramo Ipoméia, Distrito Ipoméia Brasil

Ramo Ipoméia

Ramo Ipoméia, Distrito Ipoméia Brasil, por Aline Herculiani

 

Ala Ahú, Estaca Curitiba Brasil São Lourenço

Ala Ahú

Ala Ahú, Estaca Curitiba Brasil São Lourenço, por Eduardo Stadler

 

Ala Amambaí, Estaca Campo Grande Brasil

Ala Amabaí

Ala Amambaí, Estaca Campo Grande Brasil, por Leonardo Leal

 

Ala Camaçari 2, Estaca Camaçari Brasil Central

Ala Camaçari 2

Ala Camaçari 2, Estaca Camaçari Brasil Central, por Rodrigo Teixeira Silva

 

Ramo Garça, Estaca Marília Brasil

Ramo Garça

Ramo Garça, Estaca Marília Brasil, por Éder Oliveira

 

Ala Jardim Imá, Estaca Campo Grande Brasil

Ala Jardim Imá

Ala Jardim Imá, Estaca Campo Grande Brasil, por Leonardo Leal

 

Ramos Joaçaba 1 e 2, Distrito Ipoméia Brasil

Ramos Joaçaba 1 e 2, Distrito Ipoméia Brasil, por Luis Brum

Ramos Joaçaba 1 e 2, Distrito Ipoméia Brasil, por Luis Brum

 

Ala Mooca, Estaca São Paulo Brasil Ipiranga

Ala Mooca

Ala Mooca, Estaca São Paulo Brasil Ipiranga, por Suely Sanders

 

Ala Morumbi, Estaca São Paulo Brasil

Ala Morumbi

Ala Morumbi, Estaca São Paulo Brasil, por Mimi Abacherli

 

Ala Paracurí, Estaca Belém Brasil Icoaraci

Ala Paracuri

Ala Paracurí, Estaca Belém Brasil Icoaraci, por Adriano Nascimento

 

Ala Perdizes, Estaca São Paulo Brasil Perdizes

Ala Perdizes

Ala Perdizes, Estaca São Paulo Brasil Perdizes

 

Ala Pirajussara, Estaca São Paulo Brasil Campo Limpo

Ala Pirajussara

Ala Pirajussara, Estaca São Paulo Brasil Campo Limpo, por Samantha Olesko

 

Ala Porto Alegre 2, Estaca Porto Alegre Brasil

Ala Porto Alegre 2

Ala Porto Alegre 2, Estaca Porto Alegre Brasil, por Graciela Bravo

 

Ala Santo Amaro, Estaca São Paulo Brasil Santo Amaro

Ala Santo Amaro Estaca Santo Amaro (Maria Lúcia Fonseca Prestes Motta) (3)

Ala Santo Amaro, Estaca São Paulo Brasil Santo Amaro, por Maria Lúcia Motta

 

Ala Tatuapé, Estaca São Paulo Brasil Penha

Ala Tatuapé

Ala Tatuapé, Estaca São Paulo Brasil Penha, por Marcello Jun

 

 

 

 

 


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Divórcio? Como salvar o seu casamento e superar as crises

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Leia estes artigos antes de tomar a decisão do divórcio. Leia estes artigos se seu casamento está sem graça. Leia estes artigos se divorciou e quer retomar o casamento. Aqui é uma sugestão de ação para salvar o seu casamento, que serve tanto para homens quanto para mulheres. Sendo a parte 2: Como saber se o casamento está caminhando para um divórcio? e a parte 3: O que fazer para salvar o seu casamento ou voltar com seu (sua) ex-cônjuge?

Excetuando-se algumas circunstâncias mais sérias, eu acredito que todo casamento pode dar certo.

Na Igreja, quando o assunto é casamento, a maioria dos conselhos sempre são direcionados para quem está bem no seu casamento ou para os jovens que vão se casar. Embora os conselhos digam sobre a importância do casamento e o que deve ser feito, há poucas instruções sobre COMO consertar um casamento.

Apesar dele não dizer quando um casamento não tem mais volta ou o que fazer para voltar um casamento, o Elder Oaks, na Conferência de Maio de 2007, disse:

Exorto-os com veemência, e também aos que os aconselham, a encarar a realidade de que, para a maioria dos problemas conjugais, o remédio não é o divórcio e sim, o arrependimento. Muitas vezes a causa não é incompatibilidade, mas o egoísmo. O primeiro passo não é a separação, mas a mudança.

Mas o que mudar? Do que se arrepender? Por que o casamento chegou ao divórcio? Para estas perguntas faltam uma resposta mais prática. Neste discurso ele diz que os casais que ficam juntos mesmo sem vontade tendem a voltar a normalidade naturalmente. Tudo bem, mas o casamento poderia ser mais agradável, não concorda? E existem sinais de divórcio que podem ser contornados antes que não tenha mais jeito. Vamos falar sobre cada sinal antes do divórcio.

Um amigo meu perguntou a um membro dos Setenta o que deveria ser feito. O conselho recebido foi orar e conversar sobre o convênio do Templo. O Setenta ainda lembrou que Jacó ficou sete anos com uma mulher que não gostava, por causa do convênio, para então casar-se com Raquel, a quem ele amava. E como ninguém é obrigado a ficar com ninguém, convênio firmado e oração não dá tesão, os meus amigos se separaram. Depois que o Setenta soube da separação apenas disse que a vida é assim, para seguir em frente e que o Senhor vai confortá-lo.

Outro amigo meu foi buscar o Bispo. O Bispo não soube ajudá-lo, apenas mandou orar, jejuar, ir ao Templo e matricular-se num curso para casais. E misteriosamente todos na ala ficaram sabendo que o casamento do meu amigo estava em crise. Foi humilhante algumas pessoas saberem da vida íntima dele. E não resolveu nada. Resultado: Divórcio. O Bispo depois foi orar com meu amigo, deu-lhe uma bênção do sacerdócio e disse que deveria procurar outra moça para se casar.

Eu tive um Bispo que, ao invés de ajudar, tentou de todas as formas acabar com casamento do meu amigo. Não conseguiu. É um cara invejoso. Não foi um chamado de Deus. Hoje este líder está excomungado por causa de outras coisas, mas eu digo que não é porque um homem é seu Bispo ou líder que deve falar da sua vida íntima para qualquer pessoa. Ele (ou eles) pode(m) até atrapalhar. Avalie bem em quem vai confiar. Na briga de marido e mulher, os nossos Bispos e Presidentes de Estaca não sabem como meter a colher. E a Soc. Soc. pode até aumentar a crise com maledicências. Talvez um terapêuta poderia ajudar antes de se procurar o Bispo, porque oração e visita ao templo você pode fazer sozinho(a)*. E estes são geralmente os únicos conselhos que vão te dar. Este manual  da Igreja tem bastante coisa para ajudar, e pra é mim o melhor .

Outro conselho comum é levar a mulher para o motel. Pode ser uma atitude errada porque depende em qual estágio que precede o divórcio estão. No terceiro artigo tenho algumas dicas para melhorar o sexo no casamento.

Tem ainda os conselhos, dicas, simpatias e outras bobagens ditas pelos parentes e amigos para ajudar no casamento em crise. Quase não tem conselho útil que orienta o que fazer para salvar o casamento.

Os líderes ajudam ou atrapalham de vez os casais em crise? Pelo que vi durante os anos, a Igreja ajuda menos do que deveria ou os líderes e membros destroem de uma vez; seja pelo excessivo zelo ou pela incapacidade de resolver o problema de crise no casamento.

A pior besteira que pode ser ouvida é que “o amor acabou”, dita inclusive por muitos Bispos, líderes e membros. O amor não acaba rápido. Para ter esta certeza seria preciso, no mínimo, ficar seis meses a um ano longe do companheiro(a) sem sentir falta dele(a). É, naturalmente, possível separar-se do companheiro(a) mesmo amando-o(a). E quanto mais tempo o casal está ou esteve junto, mais fácil melhorar o casamento ou retornar o casamento (ainda mais quando se tem filhos). Não acredite que um divórcio acaba com o casamento, pois ele é apenas um papel.

A volta do casamento ou a resolução de uma crise não depende do amor. O problema de uma crise no casamento é apenas por causa da ATRAÇÃO FÍSICA E EMOCIONAL. A falta de atração traz o divórcio. No casamento feliz tem atração física e emocional.

A propósito, eu acredito que teria mais namorados ou casamentos se ensinassem sedução e conquista nos institutos e acampamentos ao invés de dar ênfase em apenas orar, jejuar e ir ao Templo para descer o eleito(a) do céu. Uma maquiagem, uma roupa mais bonita, um cabelo cuidado, uns quilos a menos, se esforçar profissionalmente, um perfume, mais autoestima, menos chatices e implicância, um papo mais legal e técnicas de sedução ajudaria bastante…

Vamos à ação (ou arrependimento, se preferir), pois sobre a importância do casamento o material é vasto e visto em todas as conferências e Liahonas. O assunto agora é como aumentar as chances de melhorar o seu casamento ou retomá-lo.

Vale a pena?

Vale a pena ficar com o seu companheiro(a)? Quer continuar por causa da religião ou para manter a aparência? Tem medo do julgamento de Deus? Tenha consciência do por que quer ficar com o seu companheiro(a). Por que ele(a) é importante? É um assunto pessoal do seu coração.

Ele(a) traz coisas boas ou ruins a sua vida? Sua vida é melhor sem ele(a) ou com ele(a)? Sua vida desenvolve ou fica parada por causa dele(a)? Você é uma pessoa melhor ou pior com ele(a)?

Você precisa dele(a) para viver? Cuidado com a resposta afirmativa à esta pergunta. Você não precisa de ninguém para viver. Sua vida existia antes da presença dele(a) e vai continuar a existir, assim como a dele(a). Não é nada saudável acreditar que tem necessidade de uma pessoa para ser feliz. Este tipo de pensamento prejudica a relação porque demonstra fraqueza e insegurança, comportamentos que deixam a pessoa menos atraente. Você QUER  ficar com ele(a), mas sua vida NÃO DEPENDE dele (a) para viver.

Avalie com seriedade se vale a pena ficar com seu companheiro(a). Se a sua vida vai ser melhor como ele(a), então continue. Reflita sobre isso. Se o sentimento é verdadeiro, você ama e que ele(a) na sua vida, vai sentir mais motivado para melhorar seu casamento ou voltar com seu (sua) ex.

Continuamos no próximo artigo, parte 2: Como saber se o casamento está caminhando para um divórcio?

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Nota

* Antes que me interpretem de maneira errada, devo dizer que devemos buscar um líder ou qualquer ajuda de terceiros quando apenas não conseguimos resolver nossos problemas (ou pecados)  por contra própria.

 

 

 


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Abolição da Escravatura, por Joseph Smith

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Joseph SmithNo começo de 1836, o Profeta Joseph Smith redigiu e enviou uma carta a Oliver Cowdery, então editor do jornal oficial da Igreja Mórmon [1] ‘O Mensageiro e Defensor dos Santos dos Últimos Dias’, para publicação. Com ela, Smith desejava deixar clara e pública a sua posição — e, assim, a posição oficial da Igreja — sobre a questão da Abolição da Escravidão Negra. A carta foi publicada em 09 de abril de 1836, e nela Smith explorava todas as grandes questões e dilemas do maior problema social e político dos Estados Unidos na época: Escravidão Negra e o movimento Abolicionista.

Assim como o Brasil, os Estados Unidos da América foram inicialmente colonizados por Europeus que, percebendo oportunidades agrícolas (e não encontrando jázigas de metais preciosos), instauraram a hedionda prática de escravidão  Africana para exploração agrária em prol das Metrópoles. Durante o movimento de independência Norte-americana (1775-1783) e durante a Convenção Constituinte (1787) propos-se repetidas vezes abolir a instituição da escravidão Negra, sempre com forte oposição dos estados da região Sul, mais caracterizados por latifundios e mais dependente de trabalho escravo (ao contrário dos estados da região Norte, mais caracterizados por minifundios e fazendas familiares). Não obstante, com o passar das décadas os estados do Norte passaram a abolir escravidão em seus estados respectivos, aumentando pressão sobre o governo federal para aboli-la nacionalmente. Em 1808, o Congresso Federal proibiu a importação de escravos Africanos e na década de 1820 o movimento religioso que percorreu a nação, hoje denominado de “Segundo Grande Despertar” (que tanto influenciou Joseph Smith), inspirou vários movimentos de reformas sociais com fervor religioso (entre os quais, o movimento de temperância), inclusive o Abolicionismo. Em 1833, a primeira organização formal foi fundada (A Sociedade Americana Anti-Escravidão) foi fundado por nomes que se consagraram no consciente coletivo americano, da época e na história: William Lloyd Garrison, Robert Purvis, Theodore Weld, etc.

Mapa dos EUA, 1837

Mapa dos EUA, 1837, indicando estados escravocratas e estados livres — sem escravidão — e o Condado de Jackson para contextualização geográfica (clique no mapa para aumenta-lo).

O movimento cresceu muito com o passar das décadas, chegando a completamente dominar o debate público em menos de 2 décadas e causando diretamente uma ruptura completa entre as duas secções que dividiria o país entre estados “livres” e estados “escravocratas” e levando à uma sangrenta guerra civil. Antes disso, contudo, na década de 1830, o movimento era pequeno demais para impactar no país inteiro mas grande o suficiente para influenciar a Igreja Mórmon e o Mormonismo.

Em 1831, Smith ordenou parte de seus seguidores a estabelecerem-se no Condado de Jackson, no Missouri, bem na fronteira dos Estados Unidos. Contudo, os colonizadores Mórmons entrarem em repetidos conflitos com os seus vizinhos em Missouri por, entre outras coisas [2], uma suspeita de que Mórmons fossem abolicionistas (Missouri era um estado escravocrata). Cinco anos depois, após a forçada relocação dos colonos Mórmons do Condado de Jackson (para um condado criado específicamente para protege-los em Caldwell), Smith sentiu a necessidade de publicar uma declaração pessoal, oficial, e inequívoca sobre o abolicionismo e a instituição da Escravidão.

Abaixo segue uma tradução do texto do Profeta Joseph Smith, como publicado originalmente no jornal ‘O Mensageiro e Defensor’ (cujas cópias escaneadas encontram-se na Biblioteca de História da Igreja). Após a tradução, encontra-se o texto original em inglês, como publicado na História da Igreja, volume 2, capítulo 30.

A Visão do Profeta Sobre Abolição

Irmão Oliver Cowdery,

Estimado Senhor:—Este local [de Kirtland], tendo sido visitado recentemente por um cavalheiro que defende os princípios ou doutrinas daqueles que são chamados de Abolicionistas, e desde que sua presença criou um forte interesse no assunto, se por acaso você aceitar estas reflexões como úteis, ou acreditar que terão a tendência a corrigir as opiniões do público Sulista com relação às opiniões e sentimentos que eu entretenho, enquanto indivíduo, e os quais sou capaz de proferir de conhecimento pessoal que são os sentimentos de outros, você tem a liberdade de publico-los nas colunas do Defensor. De certa maneira sou importunado a faze-lo como consequência dos muitos Élderes que se foram aos estados do Sul, além dos muitos naquela região que já abraçaram a plenitude do Evangelho, tal qual revelada através do Livro de Mórmon. Tenho aprendido por experiência que o inimigo da verdade não adormece, nem tampouco cessa suas exerções para enviesar as mentes das comunidades contra os servos do Senhor, fomentando indignação nos homens por todos os assuntos de importância ou interesse; portanto, temo que a notícia se propagará que “um Abolicionista” se apresentou várias vezes nesta comunidade, e que o sentimento público não foi ultrajado o suficiente para criarem-se turbas ou tumultos públicos, deixando a impressão de que concordou-se com tudo o que ele teria dito, e recebido como Evangelho e palavras de salvação. Fico feliz em afirmar que não houve qualquer tentativa de violência ou quebra da paz pública: muito longe disse, todos, salvo algumas exceções, seguiram com suas próprias ocupações e tarefas, deixando o cavalheiro argumentando quase sozinho às paredes. Estou ciente de muitos, que professam pregar o Evangelho, se queixando de seus irmãos da mesma fé que residem no Sul, e estão prontos para desatar os laços da associação, porque não renunciam o princípio da escravidão e não elevam suas vozes contra qualquer coisa do gênero. Esta presente deve ser uma impressão delicada, que chamará a todos os homens para reflexão cândida, e mais especificamente antes que avancem em oposição calculada a dizimar os belos estados do Sul, e libertar pelo mundo afora uma comunidade de pessoas que poderão, dado a oportunidade, sobrepujar nosso país e violar os mais sagrados princípios da sociedade humana, a castidade e a virtude.

Ninguém irá fingir dizer que os povos do estados livres são capazes de conhecer os malefícios da escravidão tão bem quanto aqueles que possuem escravos. Se escravidão for um mal, de quem esperaríamos descobrir isso primeiramente: De pessoas que moram em estados livres, ou de pessoas em estados escravocratas? Todos devem admitir livremente que estes seriam os primeiros a descobrir tal fato. Se o fato fosse descoberto por aqueles imediatamente concernidos, quem estaria mais qualificado para prescrever uma solução? Além do que, não são estas pessoas que são donas de escravos pessoas de habilidade, discernimento, e sinceridade? Não esperam eles prestar contas na barra de Deus pela conduta de suas vidas? Pode-se dizer com propriedade e sem dúvidas que aqueles que possuem escravos vivem sem medo de Deus perante seus olhos; mas o mesmo se pode dizer de muitos nos estados livres. Então quem será o juíz nesta questão? Portanto, enquanto as pessoas dos estados livres não estiverem interessados na liberdade dos escravos de qualquer outra maneira que no mero abstrato de princípios de direitos iguais e do Evangelho, e estiverem prontos para admitir que há pessoas de piedade que vivem no Sul, estes sim que têm interesse imediato na questão, e até que estes reclamem e chamem por auxílio, por que não extinguir este clamor, e não mais incentivar os escravos a atos de assassínio, e o mestre a disciplina vigorosa, tornando ambos miseráveis, e despreparados para perseguir um curso que doutra maneira poderia levar ambos a melhorar suas condições? Eu não acredito que as pessoas do Norte têm o direito de ditar que o Sul não pode possuir escravos, da mesma maneira que o Sul não pode forçar o Norte a tê-los.

Ademais, que benefício será para os escravos que pessoas atravessem os estados livres fomentando indignação contra seus mestres nas mentes de milhares e dezenas de milhares, que não entendem nada de suas circunstâncias ou condições? Digo, em especial, aqueles que nunca estiveram no Sul, e que em suas vidas jamais sequer viram um Negro?

Como pode qualquer comunidade ser incitada por tais indivíduos, meninos e outros, que são idolentes demais para obter sua subsistência através de empregos honestos, e são incapazes de manter uma ocupação de natureza profissional, é imcompreensível para mim; e quando eu vejo pessoas nos estados livres assinando documentos contra escravidão, não é nada menos, na minha opinião, que um exército de influência, e uma declaração de hostilidades contra os povos do Sul. Que curso poderia mais rapidamente dividir nossa união?

Após haver me expressado tão livremente sobre o assunto, eu não duvido que aqueles que são tão arrojados em levantar suas vozes contra o Sul gritarão contra mim por não lhes ser caridoso, sensível, bondoso, e por desconhecer o Evangelho de Cristo. É, portanto, o meu privilégio citar algumas passagens da Bíblia, e examinar os ensinamentos dos antigos sobre o assunto, visto que é fato incontroverso que a primeira menção que temos de escravidão encontra-se na Bíblia Sagrada, pronunciada por um  homem que era perfeito em sua geração e que andava com Deus. E longe desta situação ser aversa à mente de Deus, permanece como monumento duradouro ao decreto de Jeová, para a vergonha e confusão de todos que condenam o Sul por manter os filhos de Cão em escravidão: “E Ele disse, Amaldiçoado seja Canaã, o escravo dos escravos será ele aos seus irmãos.” “Abençoado seja o Senhor Deus de Shem; e Canaã será seu escravo” (Gen. 9:25,26).

Trace a história do mundo desde este notável evento até o presente dia e verá o cumprimento desta profecia singular. Qual deveria ser o desígnio do Todo-poderoso nesta ocorrência singular não é para eu dizer; mas eu posso, sim, dizer que a maldição não foi removida dos filhos de Canaã, e tampouco será afetada por tão grande poder como o qual lhe causou originalmente; e as pessoas que interferirem o mínimo com os desígnios de Deus neste assunto serão condenados perante Ele; e aqueles que estão determinados a perseguir tal curso, que mostra clara oposição e uma inquietação febril contra os decretos de Deus, aprenderão, talvez tarde demais para seu próprio bem, que Deus pode cumprir o Seu próprio trabalho sem a ajuda daqueles que não ditados por Seus conselhos.

Não ignorarei a história de Abraão, de quem tanto se fala nas escrituras. Se podemos acreditar nos relatos, Deus conversou com ele de tempos em tempos, e o dirigiu no caminho que deveria percorrer, dizendo: “Eu sou o Todo-poderoso, caminhe diante de mim e será perfeito”. Paulo disse que o Evangelho foi pregado a este homem. Ademais, diz-se que ele possuia ovelhas e bois, escravos e escravas, etc. Disto concluo que se o princípio [de escravidão] fosse maligno, no meio destas comunicações feitas a este homem santo, ele teria sido orientado nesse sentido, e se ele fora instruído contra possuir escravos e escravas, ele o teria abandonado; consequentemente, ele teria se desentendido com o Senhor e assim perdido suas bençãos; o que não foi o caso.

Alguns podem sugerir que os têrmos servos e servas [3] podem também significar apenas funcionários contratados, livres para abandonar seus empregadores ou mestres a qualquer momento. Mas podemos resolver este ponto facilmente ao olharmos para a história dos descendentes de Abraão, quando governados pela lei dada da boca do próprio Jeová. Eu sei que quando um Israelita era trazido à servidão, em consequência de dívidas, ou outros motivos, ele era libertado de mestre ou empregador após o sétimo ano, mas isso não era oferecido a outros povos ou nações pela lei de Israel. E, se caso, após servir seis anos ele não quisesse ser libertado, então seu mestre deveria lhe trazer diantes dos juízes — furar sua orelha, e este homem lhe “serviria para sempre”. A conclusão que eu tiro disto é que este povo era liderado e governado por revelação, e se tal lei fosse errada, então que a culpa fosse de Deus, e abolicionistas não são responsáveis.

Agora, antes de prosseguir adiante, eu gostaria de colocar uma ou duas perguntas: Eram os Apóstolos homens de Deus e pregaram o Evangelho? Eu não tenho dúvidas que aqueles que acreditam na Bíblia admitirão que, sim, foram; e, ademais, que eles conheciam a mente e a vontade de Deus concernente o que escreveram às igrejas, por cujas fundações foram diretamente responsáveis. Dito isto, a questão pode ser resolvida sem muita argumentação, se olharmos para alguns itens no Novo Testamento. Paulo disse: “Escravos, obedeçam a seus senhores terrenos com respeito e temor, com sinceridade de coração, como a Cristo. Obedeçam-lhes, não apenas para agradá-los quando eles os observam, mas como escravos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus. Sirvam aos seus senhores de boa vontade, como servindo ao Senhor, e não aos homens, porque vocês sabem que o Senhor recompensará cada um pelo bem que praticar, seja escravo, seja livre.Vocês, senhores, tratem seus escravos da mesma forma. Não os ameacem, uma vez que vocês sabem que o Senhor deles e de vocês está nos céus, e ele não faz diferença entre as pessoas.” (Ef. 6:5, 6, 7, 8, 9) Aqui está uma lição que pode ser útil para que todos aprendam; e o princípio através do qual a Igreja era governada antigamente, tão bem estabelecida que um olho de verdade pode ver e entender. Aqui, certamente, estão representados o mestre e o escravo; e longe de oferecer instruções para que o escravo deixe seu mestre, ele é ordenado a permanecer em obediência, assim como ao Senhor; o mestre, por sua vez, é ordenado a tratar seu escravo com bondade diante de Deus; compreendendo, ao mesmo tempo, que isso dele lhe será cobrado. A mão da associação não é removida dele por possuir escravos.

O mesmo autor, em sua primeira epístola a Timóteo, nos primeiros cinco versículos do sexto capítulo, disse: “Todos os que estão sob o jugo da escravidão devem considerar seus senhores como dignos de todo o respeito, para que o nome de Deus e o nosso ensino não sejam blasfemados. Os que têm senhores crentes não devem ter por eles menos respeito, pelo fato de serem irmãos; ao contrário, devem servi-los ainda melhor, porque os que se beneficiam do seu serviço são fiéis e amados. Ensine e recomende essas coisas.Se alguém ensina falsas doutrinas e não concorda com a sã doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino que é segundo a piedade, é orgulhoso e nada entende. Esse tal mostra um interesse doentio por controvérsias e contendas acerca de palavras, que resultam em inveja, brigas, difamações, suspeitas malignas e atritos constantes entre aqueles que têm a mente corrompida e que são privados da verdade, os quais pensam que a piedade é fonte de lucro. Destes, afastem-se.” Isto é tão perfeitamente claro, que sequer vejo necessidade de comentar. A Escritura fala por si mesma, e eu acredito que estes homens eram melhor qualificados para ensinar a vontade de Deus que todos os abolicionistas do mundo.

Antes de encerrar este comunicado, eu gostaria de deixar um recado para os Élderes viajantes. Saibam, irmãos, que grande responsabilidade repousa sobre vocês, e que vocês serão cobrados por Deus por tudo o que ensinam pelo mundo afora. Na minha opinião, lhes será benéfico pesquisar o Livro dos Mandamentos [n.t., Doutrina e Convênios], no qual encontrarão a crença da Igreja concernente escravocratas e escravos. Todos os homens serão ensinados arrependimento, mas não temos nenhum direito de interferir com escravos, contrário a vontade e o desejo de seus mestres. Na realidade, seria muito melhor, e mais prudente, nunca pregar a escravos, até que seus mestres tenham se convertido, e só então ensina-los a usar seus escravos com bondade, sempre lembrando-se de que serão cobrados por Deus, e que os escravos são obrigados a servir seus mestres com singularidade de coração, sem murmúrios.

Eu espero sinceramente que ninguém que seja autorizado a pregar o Evangelho por esta Igreja se afastará tanto das Escrituras, a ponto de se encontrar incitando contenda e sedição contra os irmãos do Sul. Tendo escrito livre e francamente, eu os deixo todos nas mãos de Deus, que irá dirigir todas as coisas para Sua glória e o cumprimento da Sua obra. Orando a Deus para que lhes poupe para fazer muito bem neste mundo, subscrevo-me seu irmão no Senhor,

Joseph Smith, Jr.

[1] O nome oficial da Igreja nesta época era A Igreja dos Santos dos Últimos Dias.
[2] A importância da percepção abolicionista fora apenas secundária, embora gerações de historiadores (especialmente Mórmons) tenham exagerado-a. Outros fatores, muito mais relevantes e importantes, incluiam 1) A tendência de Mórmons em votar em bloco sob a direção de seus líderes religiosos, exagerando e aumentando sua relevância e poder político; 2) A intensa coesão econômica entre Mórmons, dificultando e encarecendo bens e serviços para não-Mórmons; 3) A crença dos Mórmons de que os Ameríndios além da fronteira — que, no caso, estavam apenas atravessando o rio Missouri — eram Israelitas e, portanto, intensamente proselitizados, levantando suspeitas de alianças potencialmente militares; e 4) A crença dos Mórmons de que Sião seria no Oeste do Missouri e lhes pertencia por dito divino, colocando os colonos não-Mórmons em situação potencialmente fragilizada militarmente falando.
[3] Nota do tradudor: Enquanto os têrmos “servos e servas” seja comumente utilizados em traduções bíblicas — especialmente na Versão Rei Tiago usada por Joseph Smith, uma tradução mais precisa seria “escravos e escravas”. Por motivo óbvios, o têrmo mais ambíguo “servo” era — e ainda é — o mais preferido e prevalente.

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Texto original em inglês, como publicado na História da Igreja, volume 2, capítulo 30. Imagens de cópias escaneadas do periódico na Biblioteca de História da Igreja.

The Prophet’s Views on Abolition.

Brother Oliver Cowdery,

O Mensageiro e Defensor dos Santos dos Últimos Dias, Vol. 2, No. 7, Abril de 1836

O Mensageiro e Defensor dos Santos dos Últimos Dias, Vol. 2, No. 7, Abril de 1836 (Clique na imagem para aumenta-la)

Dear Sir:—This place [Kirtland] having recently been visited by a gentleman who advocated the principles or doctrines of those who are called Abolitionists, and his presence having created an interest in that subject, if you deem the following reflections of any service, or think they will have a tendency to correct the opinions of the Southern public, relative to the views and sentiments I entertain, as an individual, and which I am able to say from personal knowledge are the sentiments of others, you are at liberty to give them publicity in the columns of the Advocate. In one respect I am prompted to this course in consequence of many Elders having gone into the Southern States, besides there being now many in that country who have already embraced the fulness of the Gospel, as revealed through the Book of Mormon. I have learned by experience that the enemy of truth does not slumber, nor cease his exertions to bias the minds of communities against the servants of the Lord, by stirring up the indignation of men upon all matters of importance or interest; therefore I fear that the sound might go out, that “an Abolitionist” had held forth several times to this community, and that the public feeling was not aroused to create mobs or disturbances, leaving the impression that all he said was concurred in, and received as Gospel, and the word of salvation. I am happy to say that no violence, or breach of the public peace, was attempted: so far from this, all, except a very few, attended to their own vocations, and left the gentleman to hold forth his own arguments to nearly naked walls. I am aware that many, who profess to preach the Gospel, complain against their brethren of the same faith, who reside in the South, and are ready to withdraw the hand of fellowship, because they will not renounce the principle of slavery, and raise their voice against every thing of the kind. This must be a tender print, and one which should call forth the candid reflections of all men, and more especially before they advance in an opposition calculated to lay waste the fair states of the South, and let loose upon the world a community of people, who might, peradventure, overrun our country, and violate the most sacred principles of human society, chastity and virtue.

No one will pretend to say that the people of the free states are as capable of knowing the evils of slavery, as those who hold slaves. If slavery be an evil, who could we expect would first learn it: Would the people of the free states, or the people of the slave states? All must readily admit, that the latter would first learn this fact. If the fact were learned first by those immediately concerned, who would be more capable than they of prescribing a remedy? And besides, are not those who hold slaves, persons of ability, discernment and candor? Do they not expect to give an account at the bar of God for their conduct in this life? It may no doubt with propriety be said that many who hold slaves live without the fear of God before their eyes; but the same may be said of many in the free states. Then who is to be the judge in this matter? So long, then, as the people of the free states, are not interested in the freedom of the slaves, in any other way than upon the mere abstract principles of equal rights, and of the Gospel; and are ready to admit that there are men of piety. who reside in the South, who are immediately concerned, and until they complain and call for assistance, why not cease this clamor, and no further urge the slave to acts of murder, and the master to vigorous discipline, rendering both miserable, and unprepared to pursue that course which might otherwise lead them both to better their conditions? I do not believe that the people of the North have any more right to say that the South shall not hold slaves, than the South have to say the North shall.

And further, what benefit will it ever be to the slaves for persons to run over the free states, and excite indignation against their masters in the minds of thousands and tens of thousands, who understand nothing relative to their circumstances, or conditions? I mean particularly those who have never traveled in the South, and who in all their lives have scarcely ever seen a negro.

How any community can ever be excited with the chatter of such persons, boys and others, who are too indolent to obtain their living by honest industry, and are incapable of pursuing any occupation of a professional nature, is unaccountable to me; and when I see persons in the free states, signing documents against slavery, it is no less, in my mind, than an army of influence, and a declaration of hostilities against the people of the South. What course can sooner divide our union?

After having expressed myself so freely upon this subject, I do not doubt, but those who have been forward in raising their voices against the South, will cry out against me as being uncharitable, unfeeling, unkind, and wholly unacquainted with the Gospel of Christ. It is my privilege then to name certain passages from the Bible, and examine the teachings of the ancients upon the matter as the fact is uncontrovertible that the first mention we have of slavery is found in the Holy Bible, pronounced by a man who was perfect in his generation, and walked with God. And so far from that prediction being averse to the mind of God, it remains as a lasting monument of the decree of Jehovah, to the shame and confusion of all who have cried out against the South, in consequence of their holding the sons of Ham in servitude. “And he said, Cursed be Canaan; a servant of servants shall he be unto his brethren.” “Blessed be the Lord God of Shem; and Canaan shall be his servant” (Gen. 9:25, 26).

Trace the history of the world from this notable event down to this day, and you will find the fulfillment of this singular prophecy. What could have been the design of the Almighty in this singular occurrence is not for me to say; but I can say, the curse is not yet taken off from the sons of Canaan, neither will be until it is affected by as great a power as caused it to come; and the people who interfere the least with the purposes of God in this matter, will come under the least condemnation before Him; and those who are determined to pursue a course, which shows an opposition, and a feverish restlessness against the decrees of the Lord, will learn, when perhaps it is too late for their own good, that God can do His own work, without the aid of those who are not dictated by His counsel.

O Mensageiro e Defensor dos Santos dos Últimos Dias, Vol. 2, No. 7, Abril de 1836

O Mensageiro e Defensor dos Santos dos Últimos Dias, Vol. 2, No. 7, Abril de 1836 (Clique na imagem para aumenta-la)

I must not pass ever a notice of the history of Abraham, of whom so much is spoken in the Scripture. If we can credit the account, God conversed with him from time to time, and directed him in the way he should walk, saying, I am the Almighty; walk before me, and be thou perfect.” Paul says the Gospel was preached to this man. And it is further said, that he had sheep and oxen, men-servants and maid-servants, etc. From this I conclude, that if the principle had been an evil one, in the midst of the communications made to this holy man, he would have been instructed to that effect, and if he was instructed against holding men servants and maid-servants, he never ceased to do it; consequently must have incurred the displeasure of the Lord, and thereby lost His blessings; which was not the fact.

Some may urge that the names man servant and maid-servant, only mean hired persons, who were at liberty to leave their masters or employers at any time. But we can easily settle this point, by turning to the history of Abraham’s descendants, when governed by a law from the mouth of Jehovah Himself. I know that when an Israelite had been brought into servitude, in consequence of debt, or otherwise, at the seventh year he went from the task of his former master, or employer; but to no other people or nation was this granted in the law of Israel. And if after a man had served six years, he did not wish to be free, then the master was to bring him unto the judges—bore his ear with an awl, and that man was “to serve him forever.” The conclusion I draw from this, is, that his people were led and governed by revelation, and if such a law was wrong, God only is to be blamed, and abolitionists are not responsible.

Now, before proceeding any farther, I wish to ask one or two questions: Were the Apostles men of God, and did they preach the Gospel? I have no doubt that those who believe the Bible, will admit that they were; and that they also knew the mind and will of God concerning what they wrote to the churches, which they were instrumental in building up. This being admitted, the matter can be put to rest without much argument, if we look at a few items in the New Testament. Paul says: “Servants be obedient to them that are your masters according to the flesh, with fear and trembling, in singleness of your heart, as unto Christ; not with eyeservice as men-pleasers; but as the servants of Christ, doing the will of God from the heart; with good will doing service, as to the Lord, and not to men: knowing that whatsoever good thing any man doeth, the same shall be received of the Lord, whether he be bound or free. And, ye masters, do the same things unto them, forbearing threatening: knowing that your Master also is in heaven: neither is there respect of persons with him” (Eph. 6:5, 6, 7, 8, 9). Here is a lesson which might be profitable for all to learn; and the principle upon which the Church was anciently governed, is so plainly set forth, that an eye of truth might see and understand. Here certainly, are represented the master, and servant; and so far from instructions to the servant to leave his master, he is commanded to be in obedience, as unto the Lord; the master in turn, is required to treat him with kindness before God; understanding, at the same time, that he is to give an account. The hand of fellowship is not withdrawn from him in consequence of his having servants.

The same writer, in his first epistle to Timothy, the sixth chapter, and the first five verses, says,—”Let as many servants as are under the yoke count their own masters worthy of all honor, that the name of God and His doctrine be not blasphemed. And they that have believing masters, let them not despise them, because they are brethren; but rather do them service, because they are faithful and beloved, partakers of the benefit. These things teach and exhort. If any man teach otherwise, and consent not to wholesome words, even the words of our Lord Jesus Christ, and to the doctrine which is according to godliness; he is proud, knowing nothing, but doting about questions and strifes of words, whereof cometh envy, strife, railings, evil surmisings, perverse disputing of men of corrupt minds, and destitute of the truth, supposing that gain is godliness: from such withdraw thyself.” This is so perfectly plain, that I see no need of comment. The Scripture stands for itself; and I believe that these men were better qualified to teach the will of God, than all the abolitionists in the world.

O Mensageiro e Defensor dos Santos dos Últimos Dias, Vol. 2, No. 7, Abril de 1836

O Mensageiro e Defensor dos Santos dos Últimos Dias, Vol. 2, No. 7, Abril de 1836 (Clique na imagem para aumenta-la)

Before closing this communication, I beg leave to drop a word to the traveling Elders. You know, brethren, that great responsibility rests upon you; and that you are accountable to God, for all you teach the world. In my opinion, you will do well to search the Book of Covenants, in which you will see the belief of the Church, concerning masters and servants. All men are to be taught to repent; but we have no right to interfere with slaves, contrary to the mind and will of their masters. In fact it would be much better, and more prudent, not to preach at all to slaves, until after their masters are converted, and then teach the masters to use them with kindness; remembering that they are accountable to God, and the servants are bound to serve their masters with singleness of heart, without murmuring.

I do most sincerely hope that no one who is authorized from this Church to preach the Gospel, will so far depart from the Scriptures, as to be found stirring up strife and sedition against our brethren of the South. Having spoken frankly and freely, I leave all in the hands of God, who will direct all things for His glory, and the accomplishment of His work. Praying that God may spare you to do much good in this life, I subscribe myself your brother in the Lord,

Joseph Smith, Jun.


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Arqueologistas Descobrem Cidade Nefita

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Pesquisadores da Universidade de Brigham Young, em colaboração com cientistas de outras universidades, descobriram inscrições que comprovam narrativas do Livro de Mórmon em um templo no sítio arqueológico denominado Lamanai na região norte de Belize.

Visão Aérea do Templo da Lamanai

Visão Aérea do Templo da Lamanai

As ruínas do templo de Lamanai havia sido descoberto em 1917 pelo explorador Thomas Gann e excavações começaram apenas em 1974 com a equipe de arquelogistas de David M. Pendergast do Museu Real de Ontario. O time de cientistas atualmente encarregados pelos estudos no sítio são liderados pela Dra. Elizabeth Graham da University College London e Dr. Scott Simmons da University of North Carolina – Wilmington. Desde 2006 as pesquisas no sítio estão direcionadas para análise de artefatos principalmente, enquanto excavações estão suspendidas temporariamente.

Neste hiato de excavações, descobriu-se artefatos previamente catalogados com inscrições descontextualizadas para os especialistas, porém familiares para qualquer Mórmon. Através de uma série de coincidências e contatos acadêmicos, tais inscrições foram compartilhadas com o Dr. Bruce Bachand da Fundação Arqueológica Novo Mundo da Brigham Young University, universidade oficialmente vinculada à Igreja Mórmon.

Bachland imediatamente reconheceu a importância das inscrições recém descobertas.

Localização de Lamanai na América Central

Localização de Lamanai na América Central

Algumas das inscrições mencionam nomes importantes na literatura sagrada Mórmon: Lamã, Lehi, Limhi, Néfi, Helamã, Omni, Mulek, Korihor, e mais surpreendentemente, Zarahemla. Este figura como uma cidade-estado importante na narrativa do Livro de Mórmon, e a inscrição de Lamanai inclui este nome num contexto geográfico, embora ainda não completamente claro ou específico.

“Sem sombra de dúvidas, trata-se de um achado importante e surpreendente,” diz Bruce Bachland. “Ainda há muito que se desvendar sobre os detalhes destas inscrições, mas certamente é muito gratificante fazer parte de uma descoberta que contribua intelectualmente para a fé de milhares de pessoas. Não que a crença no Livro de Mórmon seja predicada em provas arqueológicas, mas é inquestionável que a completa falta de confirmações científicas há décadas causa desconforto para muitos fiéis. Este é a primeira instância do gênero e deve servir para aliviar muita tensão entre ciência e religião para muitos dos meus correligionários.”

Templo de Lamanai, visão principal

Templo de Lamanai, visão principal

Tanto as equipes do Dr. Bachland, como as equipes da Dra. Graham e do Dr. Simmons, ressaltam a importância da qualificação de que mais estudos serão necessários para confirmar estes achados e que estas conclusões ainda são preliminares.

O sítio de Lamanai serviu como um importante centro político e econômico no Período Pré-Clássico, entre os séculos IV AEC e I EC. Em 625 EC a “Stele 9″ foi construída na língua Yucatec. Lamanai continuou habitada até a invasão Espanhola do século XVII EC, quando frades Católicos estabeleceram duas igrejas, mas revoltas Maias expulsaram os Espanhóis com o tempo. A região, abandonada, foi subsequentemente incorporada pelos Britânicos a colônia da Honduras Britânica, passando para o país de Belize na época de sua independência da Coroa Inglesa.

​Artigo original publicado aqui e traduzido com permissão.​

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